Escândalo na Petrobras
Executivos exigem balanço para assumir vaga na estatal
Dilma quer integrantes do setor privado no Conselho de Administração
Cotados avisaram ao governo federal que só discutirão cargos após a divulgação de dados financeiros da Petrobras
Executivos e ex-executivos sondados para integrar o Conselho de Administração da Petrobras avisaram o governo nas últimas semanas de que só podem vir a assumir cargos no colegiado após a publicação de balanço financeiro reconhecendo os desvios por corrupção na estatal.
O conselho agendou reunião para esta terça-feira (27), e deve divulgar o balanço da empresa referente ao terceiro trimestre de 2014.
O Planalto quer substituir os atuais ministros que têm assento no conselho por ''estrelas'' do setor privado.
O objetivo é tentar recuperar no mercado a credibilidade da Petrobras, que perdeu valor e está com a imagem desgastada desde 2014, após virar alvo da Operação Lava Jato, que investiga esquema de desvios na estatal.
Os nomes cotados são Nildemar Secches (ex-presidente da Perdigão e presidente do Conselho de Administração da BRFoods), Rodolfo Landim (ex-BR Distribuidora e EBX), Antonio Maciel (ex-Ford e atual Caoa Hyundai) e Josué Gomes (Coteminas e candidato derrotado ao Senado pelo PMDB em Minas).
Beto Sicupira (Inbev) e Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central e hoje na JBS/Friboi) também estão no radar do governo.
Os cotados para o conselho aguardam a divulgação dos números estimados do prejuízo com a corrupção não apenas para ter informações reais da situação financeira da empresa, mas também para se certificarem de que não enfrentarão eventuais processos judiciais em caso de irregularidades passadas.
No mercado, estima-se que a Petrobras contabilizará entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões em baixas contábeis por desvios já reconhecidos em obras nas refinarias de Abreu e Lima (PE), Comperj (RJ) e Repar (PR).
O balanço do terceiro trimestre de 2014 está atrasado desde 14 de novembro porque a PwC, auditoria externa que avaliza as contas, se recusa a assinar o documento. O aval de auditores é exigência feita às empresas que negociam ações pelas leis que regem o mercado de capitais.
COMPOSIÇÃO
Hoje, dos sete integrantes do Conselho de Administração nomeados pela União, cinco estão diretamente subordinados ao Planalto.
São eles: os ex-ministros Guido Mantega e Miriam Belchior; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e a presidente da estatal, Graça Foster.