Faltava treino a pilotos de Campos, diz FAB
Segundo apuração de órgão da Aeronáutica, profissionais não tinham formação adequada para conduzir avião
Investigação aponta que trajeto não seguiu plano de voo; militares evitam emitir conclusões sobre as causas do acidente
O piloto e o copiloto do avião que transportava o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) e mais seis pessoas não tinham formação adequada para conduzir o jato, diz o Cenipa (Centro de Prevenção de Acidentes Aéreos).
O órgão da Aeronáutica apura as causas do acidente que resultou na morte de todos que estavam a bordo, em agosto. Parte do resultado foi revelada no dia 16 pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo a apuração, ainda em andamento, o trajeto para descer em Santos (SP) e arremeter a aeronave não seguiu o plano previsto.
Chefe da investigação, o tenente-coronel Raul de Souza ponderou que os dois tinham histórico de voos em avião semelhante, mas precisavam de treinamento para conduzir o jato usado pela campanha do então presidenciável.
"Para o comandante transitar de uma aeronave para outra, precisava de um treinamento de diferença. Para o copiloto transitar de uma aeronave para outra, precisava de um curso completo."
Souza descartou qualquer tipo de desentendimento entre o piloto, Marcos Martins, e o copiloto, Geraldo Magela.
O chefe do Cenipa, brigadeiro Dilton Schuck, adotou tom cauteloso sobre a formação dos profissionais: "Temos a dúvida se isso contribuiu ou não, mas pode ser uma condição de risco para outros acidentes".
Em nota divulgada nesta segunda (26), a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que ambos tinham licença e habilitação válidas para operar a aeronave.
E que em julho --um mês antes do acidente-- a agência passou a exigir uma habilitação mais específica para operar cada modelo de aeronave, o que deveria ser comprovado no momento de renovação da habilitação.
"Segundo os registros de voo verificados pela Anac [...], o comandante Marcos Martins havia realizado mais de 90 voos no modelo da aeronave C560XLS+ [a do acidente]", destacou a nota.
A apuração da Aeronáutica mostrou ainda que o piloto não seguiu o plano de voo e informou errado a posição em que se encontrava.
Apesar de os indícios reforçarem que o episódio foi motivado por falha humana, a Aeronáutica evitou conclusões. Também preferiu não dizer se um dos motivos para o acidente foi a desorientação espacial do piloto --quando se perde a noção da posição do avião em relação ao solo.
O órgão disse, porém, não haver evidências de falhas técnicas ou problemas externos, como meteorológicos ou colisão com obstáculos.
Tanto a família de Campos como o PSB afirmaram que só se pronunciarão ao fim das investigações.