PT e PMDB trocam acusações sobre proposta de rodízio
Governo sugeriu que cada um dos 2 partidos ficasse um biênio no comando da Câmara, afirmam peemedebistas
Ministro nega e diz que proposta veio do outro lado; Cunha e Chinaglia refutam possibilidade de acordo entre as siglas
Na véspera da eleição que definirá neste domingo (1º) o novo presidente da Câmara, as campanhas de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) trocaram acusações sobre um suposto acordo que estaria sendo costurado para pôr fim ao racha na base aliada do governo.
Pela proposta, Cunha presidiria a Câmara em 2015 e 2016 e, nos dois anos seguintes, seria a vez de Chinaglia.
A campanha de Cunha afirmou que a proposta partiu do governo. O Planalto diz o contrário: que a sugestão de acordo foi feita pelo PMDB. Comum às versões, apenas a afirmação de que não há possibilidade de acordo.
Segundo peeemedebistas, na sexta (30) o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) procurou aliados de Cunha para sugerir o rodízio. Três parlamentares confirmaram a informação à Folha.
Cunha refutou a possibilidade. A amigos, ele disse que perderia a "credibilidade": durante a campanha, o peemedebista defendeu o fim da hegemonia do PT e do PMDB no comando da Casa, em um aceno aos outros partidos da base que almejam o cargo.
Segundo um parlamentar, um documento foi apresentado por emissários do governo com pontos a serem debatidos, entre eles o rodízio para os próximos quatro anos.
A assessoria de Vargas contou versão oposta. Afirmou que o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), um dos coordenadores da campanha de Cunha, procurou o ministro na sexta "pelo menos três vezes" com a proposta.
Mabel negou com veemência. "O Planalto é que me chamou. Quando colocaram esse assunto, eu falei: 'Esquece'". Ele diz que outros ministros já haviam proposto o rodízio.
Chinaglia refutou neste sábado (31) qualquer possibilidade de acordo. "Essa é mais uma inócua tentativa de tergiversar", afirmou, dizendo ainda que desafiava o PMDB a dizer na sua frente a história do acordo, desde que ele fosse autorizado a falar o que "sabe sobre o PMDB".
Cunha reagiu: "Não propus, não recebi proposta. Se ele conhece algo sobre o PMDB, ele que fale logo".
Aliado de Cunha, o ex-ministro do governo Lula Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)criticou a suposta sondagem do governo: "O problema é que eles têm clara a derrota."
O modelo de rodízio foi adotado nos últimos quatro anos. No primeiro ano do governo Dilma Rousseff, o PT assumiu a presidência da Câmara. Desde 2013, a Casa é presidida pelo PMDB.