Para colegas, novo presidente é 'pau para toda obra'
"A principal diferença de Eduardo Cunha para os adversários é que ele entrega o que promete." A frase é de um dos mais próximos aliados do novo presidente da Câmara para explicar sua vitória.
Parlamentares relatam que ele é o proverbial "pau para toda obra": ajuda a intermediar desde doações para campanhas como demandas dos colegas no governo federal.
Aos 56, está no quarto mandato e é conhecido com um dos maiores especialistas no regimento da Casa. Para rivais, o conhecimento é "esperteza" para tirar vantagens. Para aliados, "é ouro" para fazer valer seu ponto de vista.
Em tramitações polêmicas, como a da Medida Provisória dos Portos, em 2013, sua atuação rendeu acusações de que recebia dinheiro e promessa de doações eleitorais de setores interessados, o que nega.
Uma coisa, porém, é consenso: Cunha é visto como trabalhador, está 24 horas por dia à disposição. Acorda cedo e às 8h já está no segundo café da manhã. Geralmente, com políticos e aliados para tratar da pauta na Câmara.
Começou a trabalhar aos 14 anos. Foi office-boy e corretor de seguros. Formado em economia, virou operador do mercado financeiro.
Sua trajetória política remonta à era Collor, quando presidia a Telerj, a antiga estatal de telefonia do Rio. Mas foi só no governo Dilma Rousseff que ganhou expressão nacional. Uma ironia, já que ela o vê como adversário e no Planalto poucos duvidam de que ele possa incentivar um processo de impeachment --aceitar tal iniciativa é prerrogativa do presidente da Câmara.
Cunha nega e diz que falar em impeachment é "golpe".
Há 15 anos, é evangélico. Na campanha, pediu votos para, "se Deus quiser", estar em consonância com a sociedade no comando da Casa.