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Petrolão
Estatal ganha R$ 17 bi na Bolsa com sinal de mudanças na direção
Ações disparam 15% com especulação sobre ida de Henrique Meirelles para a presidência da Petrobras
Agência de avaliação de risco Fitch rebaixa empresa, que está a um passo de perder o grau de investimento
A Petrobras recuperou R$ 16,586 bilhões em valor na Bolsa em apenas um dia só com a notícia de que a presidente Dilma Rousseff acertou a saída de Graça Foster e da a diretoria da empresa, antecipada pela Folha, e as especulações sobre os substitutos.
O nome mais falado no mercado foi o do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Procurado, ele disse que não comenta rumores.
Até a semana passada, Meirelles era cotado para fazer parte do conselho de administração da estatal. Mas passou a ser visto como um dos poucos nomes capazes de recuperar a credibilidade da empresa.
No entanto, é pouco provável que o ex-BC aceite essa tarefa, segundo a Folha apurou. Além de não ter conhecimento do setor, Meirelles não estaria disposto a aceitar uma missão com pequena possibilidade de sucesso. Isso, pelo menos, até sair o balanço auditado da empresa.
As ações preferenciais (sem voto) da petrolífera subiram 15,47% e voltaram a valer R$ 10. Foi a maior alta diária desde 15 de setembro de 1998, quando as ações subiram 18,10%. Já as ações ordinárias (com voto) fecharam em alta de 14,24% e bateram em R$ 9,79, a maior valorização desde a alta de 15,16% de 6 de março de 2013.
A recuperação da Petrobras foi tão significativa que impulsionou a Bolsa paulista, que terminou o dia com alta de 2,76% no Ibovespa, principal termômetro dos negócios com ações no país.
"A saída de Graça Foster representa um choque de credibilidade e também uma sinalização de que a empresa assumirá uma nova fase. Especula-se que Henrique Meirelles possa assumir o cargo. Sem dúvidas, seria um nome bem-recebido. Ele tem credibilidade e experiência em gestão de empresas", disse Adriano Moreno, presidente da corretora AZ FuturaInvest.
Para Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, a saída da executiva deve impulsionar as ações.
"Há uma expectativa de reestruturação, que deve passar pela mudança de gestação e pela nomeação de executivos menos ligados ao governo."
REBAIXAMENTO
A iminente saída de Graça ofuscou o rebaixamento da avaliação de risco da estatal pela agência Fitch.
A agência atribuiu a mudança à "crescente e prolongada incerteza" em relação à habilidade de a empresa estimar as perdas decorrentes de corrupção.
O rebaixamento afeta cerca de US$ 50 bilhões em títulos de dívida emitida pela empresa. A nota foi reduzida de BBB para BBB-, o último passo antes de perder o chamado grau de investimento, selo de bom pagador para sua dívida.
A agência colocou em perspectiva negativa as notas da Petrobras. Isso significa que poderá vir um novo rebaixamento. Se isso ocorrer, a estatal perderá o grau de investimento, implicando uma forte venda de títulos e de ações.