Delator diz ter pago R$ 15 mi a ex-diretores
Segundo empresário, propina a Costa e Duque era para obter contratos com a Petrobras
Em depoimento ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta (4), o empresário Júlio Camargo confirmou ter pago R$ 15 milhões ao ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Engenharia e Serviços) em propina para obter um contrato com a estatal.
Ao todo, o empresário, que assinou acordo de delação premiada, já admitiu em seus dois depoimentos nesta semana ter pago R$ 27 milhões.
O pagamento, disse, foi dividido ao meio entre os dois então executivos da Petrobras.
No caso de Duque, parte do dinheiro foi depositada em contas no exterior indicadas pelo ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco e o restante, em dinheiro no Brasil. Já o pagamento a Costa foi feito em contas no exterior indicadas pelo doleiro Alberto Youssef, afirmou Camargo.
O dinheiro seria referente a contrato da Petrobras com o consórcio Ecovap, formado pelas empresas Toyo, Setal Óleo e Gás e OAS, responsável pela construção da Revap, em São José dos Campos (SP).
O valor total celebrado, de acordo com documentos da estatal, era de R$ 1,5 bilhão.
Em seu depoimento, Camargo reafirmou que a propina era "regra do jogo".
Na terça (3), ele havia dito: "Diria que ao longo do tempo, pela necessidade que era a regra do jogo, elas foram obrigadas a serem utilizadas".
Instado a desenvolver o raciocínio, completou: "Se o senhor não pagasse propina à área de Engenharia e de Abastecimento, o senhor não teria sucesso ou o senhor não obteria os seus contratos".
Camargo detalhou o pagamento de propina em seis contratos com a estatal, das três empresas que diz ter representado --Toyo, Setal Óleo e Gás e Camargo Corrêa.
Na terça, ele admitiu ter atuado na intermediação de contratos em duas grandes obras da Petrobras, o Comperj, complexo petroquímico em Itaboraí (RJ), e a Repar, refinaria em Araucária (PR).
No primeiro caso, Camargo representava a Setal. No segundo, o consórcio CCPR, integrado por Camargo Corrêa e Promon Engenharia. Os dois contratos do consórcio com a Petrobras, ambos assinados em 2008, somam R$ 2,7 bilhões, de acordo com documentos da estatal.
O delator afirma ter feito o pagamento de R$ 12 milhões em propinas, ou cerca de 0,4% do total desses contratos, a Duque e Barusco.