Petrolão
PF prende executivos com contratos em subsidiária de estatal
Nona fase da Lava Jato também identificou 11 novos operadores no esquema de corrupção na Petrobras
Polícia achou dinheiro sob um fundo falso numa das salas dos diretores da Arxo presos nesta quinta
A nona fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira (5), levou à prisão dois executivos de uma empresa que tinha contratos com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.
Os empresários presos são da empresa catarinense Arxo, que produz tanques de combustível.
Segundo as investigações, a Arxo obtinha os contratos por meio do pagamento de propina, fraudando as licitações. A empresa nega qualquer irregularidade.
Na operação de busca e apreensão feita na sede da empresa, em Piçarras (litoral norte de Santa Catarina), um grande montante de dinheiro foi encontrado sob um fundo falso numa das salas dos diretores. Até o início da noite, os policiais federais não haviam nem sequer terminado de contar o dinheiro.
No mesmo local, cerca de 500 relógios de luxo foram apreendidos em gavetas.
O advogado da Arxo, Charles Zimmermann, disse que o dinheiro era uma "reserva pessoal" e que os relógios faziam parte da coleção dos diretores e também eram dados de brinde a clientes.
Os executivos presos, Gilson João Pereira e Sérgio Ambrósio Maçaneiro, devem prestar esclarecimentos à PF nesta sexta (6). Um terceiro, João Gualberto Pereira Neto, contra quem também há um mandado de prisão, está em férias em Miami e se comprometeu a se apresentar também nesta sexta.
LEQUE
A nona fase da operação também teve o papel de identificar 11 novos operadores do esquema --ou seja, "novos Youssefs", como afirmou o delegado federal Márcio Anselmo, referindo-se ao doleiro e hoje delator da operação, Alberto Youssef.
Esses operadores intermediavam o pagamento de propina a agentes públicos. A maioria operava por empresas de fachada, que diziam prestar serviços de consultoria, ou então em "empresas gêmeas", que tinham uma operação legal e outra ilegal.
No total, 25 empresas tiveram mandados de busca e apreensão em suas sedes, em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
A nova etapa da Lava Jato representa uma ampliação das investigações, que agora não se restringem mais a construtoras, mas atingem empresas de outros ramos de atividade.
"Saímos do núcleo empreiteiras", afirmou o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima. "É muito mais variado do que isso."
De acordo com o procurador, a investigação mostrou um esquema de corrupção "muito vasto", que funcionou "até a data de hoje".
"É muito recente. Não foram uma ou duas operações. São centenas de operações, das mais variadas", disse.
GDK
A PF também fez operações de busca na sede da GDK, em Salvador. A empresa de engenharia, que tem como principal cliente a Petrobras, entrou em processo de recuperação judicial no dia 10. O edifício onde vive Cesar Oliveira, dono da empresa, também foi alvo da operação.
A GDK foi protagonista de escândalo envolvendo a Petrobras em 2005, quando foi revelado que o dono da empresa doou ao então secretário-geral do PT, Silvio Pereira, um jipe Land Rover, avaliado em R$ 73,5 mil.
A CPI dos Correios considerou a doação "um caso de tráfico de influência".