Delatora diz que empresa pagava até 10% de propina
Operador que já foi citado por ex-gerente da Petrobras é apontado como intermediário
Investigada na Operação Lava Jato, a empresa catarinense Arxo, que teve três executivos presos temporariamente, pagava de 5% a 10% de propina nos contratos que firmava com a Petrobras.
Segundo a investigação, baseada no depoimento de uma ex-funcionária da Arxo, o dinheiro era entregue a Mario Goes, operador do esquema, que estava foragido até a conclusão desta edição.
Goes é um dos 11 operadores identificados --os "novos Youssefs", segundo o delegado Márcio Anselmo, em referência ao doleiro Alberto Youssef, preso e hoje delator.
No caso da Arxo, as propinas eram entregues a Goes a cada dois ou três meses, segundo a ex-funcionária. Para disfarçar, eram usadas notas de outras empresas. A Receita indicou que pelo menos três dessas firmas só serviam para fornecer notas fiscais.
Goes ainda é apontado pelo delator Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, como operador que atuava para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
Segundo as investigações, Goes tinha uma empresa usada para as operações, a Riomarine Oil e Gás, que tem contas no exterior e até um avião, avaliado em R$ 1,3 milhão.
O Ministério Público Federal aponta que a empresa recebeu depósitos da OAS (R$ 2,7 milhões) e da UTC (R$ 3,8 milhões) entre 2009 e 2012.
Na decisão que autorizou a prisão temporária dos executivos da Arxo, à qual a Folha teve acesso, o juiz Sergio Moro afirma que é "perturbador" e "uma afronta ao Judiciário e à lei" que o esquema tenha continuado mesmo após o início da Lava Jato.
"Há provas de que Mario Goes, na intermediação de propinas, teria atuado para Pedro Barusco e Renato Duque no passado e persistiria atuando, na intermediação de propinas periódicas, agora da Arxo para a Petrobras Distribuidora, de 2012 até pelo menos o final de 2014", diz.
Moro cita contrato de R$ 85 milhões da Arxo com a BR Aviation, firmado em outubro de 2014, para fornecimento de tanques de combustível.