Petrolão
Suspeito de repassar suborno vira delator
Empresário é apontado por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, como intermediário de R$ 58 mi em propina
Shinko Nakandakari é o 13º investigado na Lava Jato a fazer acordo para revelar o que sabe em troca de pena menor
O empresário Shinko Nakandakari, investigado na Operação Lava Jato sob suspeita de intermediar repasse de propina de empreiteiras em obras da Petrobras, fechou um acordo de delação premiada com procuradores que atuam no caso.
Ele é o 13º suspeito que decide colaborar com a investigação, revelando o que sabe sobre subornos em troca de uma pena menor.
Shinko, 65, é suspeito de ter intermediado R$ 57,7 milhões em propina, em valores atualizados, segundo outro delator da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.
A participação de Shinko no esquema de subornos na Petrobras foi apontado por um alto executivo da Galvão Engenharia, Erton Fonseca, que disse ter pago R$ 5 milhões a ele, para serem repassados a funcionários da Petrobras, conforme a Folha revelou em novembro.
Segundo o executivo, que preside a divisão industrial da Galvão, o valor foi pedido por Pedro Barusco, que era gerente da diretoria de Serviços da Petrobras, ocupada à época por Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT --o que seus advogados negam.
Shinko, na visão do executivo, desempenhava nessa diretoria um papel similar ao do doleiro Alberto Youssef no repasse de suborno.
O advogado da Galvão, José Luis de Oliveira Lima, defende que a empreiteira foi vítima de extorsão de funcionários da Petrobras. Se a empresa não pagasse os valores pedidos, perdia contratos com a estatal, segundo ele.
CITADO EM CPI
Shinko é citado nove vezes como intermediador de propina em uma planilha preparada por Barusco com os 89 maiores contratos da Petrobras. A tabela relaciona também o valor da propina e como ela foi dividida entre executivos da Petrobras e o PT.
Foi por meio dessa tabela que a reportagem da Folha chegou ao valor do suborno que Shinko teria intermediado, de R$ 57,7 milhões.
Segundo Barusco, o PT ficava com um percentual que variava de 1% a 2% dos valores dos contratos da diretoria de Serviços. O total arrecadado pelo partido, para ele, seria de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões entre 2003 e 2011.
O PT refuta as acusações e afirma que só recebeu contribuições legais.
Shinko foi gerente da Odebrecht e já havia sido mencionado em investigações anteriores sobre pagamento de suborno em obras públicas.
O relatório final da CPI do Caos Aéreo, de 2007, afirma que uma empresa dele, a Talude, recebeu "pagamentos por serviços não realizados, que evidenciam a implantação de um esquema de desvio na Infraero".
Os desvios de uma obra no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), somam R$ 3,5 milhões, segundo a CPI.