Petrolão
PT contesta ausência de investigações sobre governo FHC
Partido protocolou nesta segunda representações às corregedorias da polícia e Ministério Público federais
Petistas farão o mesmo pedido na nova CPI para apurar desvios na Petrobras, que será instalada na quinta
O PT protocolou nesta segunda-feira (23) representações às corregedorias do Ministério Público Federal e da Polícia Federal questionando a linha de investigação da Operação Lava Jato, centrada, segundo o partido, em fatos supostamente ocorridos depois de 2010, embora um dos delatores tenha citado que o esquema existia desde 1995, quando o país era governado pelo PSDB.
"A necessidade de apuração sobre a eventual ocorrência de direcionamento político da linha de investigação torna-se necessária, pois a utilização política da investigação representa em verdade uma grave violação à democracia", diz o texto.
Os advogados falam em vazamento seletivo de informações contra o PT, e pedem investigação sobre o caso.
O PT também entrou com duas interpelações na Justiça do Rio contra o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. O partido pretende processar Barusco por danos morais.
O ex-gerente da estatal acusou o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, de arrecadar recursos do esquema de desvios na Petrobras para o partido.
Na sexta (20), após dois meses em silêncio, Dilma acusou o PSDB de não ter apurado desvios durante a gestão FHC, numa referência ao depoimento de Barusco, que disse ter recebido propina da SBM Offshore desde 1997.
O PSDB diz que Barusco, neste caso, admitiu ter agido isoladamente e classificou a avaliação de Dilma como superficial e desesperada.
CPI
A ofensiva petista também foi levada ao Congresso Nacional, onde a bancada de deputados do PT decidiu pedir que a CPI da Câmara investigue irregularidades na estatal também no período do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002).
A CPI, que começa na quinta (26), foi criada para analisar denúncias de corrupção na empresa desde 2005.
O período, segundo a oposição, leva em consideração o início das tratativas para a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, operação que colocou a estatal no centro de uma crise.
Para ampliar o foco da apuração, o PT precisará aprovar o pedido no plenário da CPI.
O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), afirmou que não podem existir restrições nas apurações. "Temos que fazer uma investigação ampla, geral e irrestrita. Doa a quem doer", disse.
O líder do partido, Sibá Machado (AC), reforçou: "Há um depoimento citando irregularidades no governo tucano, então, não existem motivos para não se investigar".
As duas maiores legendas da Câmara, PMDB e PT, ainda precisam indicar seus representantes para a CPI.
A presidência da CPI deve ficar com Hugo Motta (PMDB-PB). E a relatoria, com o petista Vicente Cândido (SP).
Motta afirmou nesta segunda-feira que não haverá blindagem durante as investigações sobre políticos. (CÁTIA SEABRA E MÁRCIO FALCÃO)