Procuradoria quer investigar senador do DEM
Empresário que pagava propina a políticos diz ter dado R$ 1 mi para caixa 2 de campanha de Agripino (RN) em 2010
Presidente do DEM nega as acusações e diz 'ver forças' tentando 'nivelar por baixo' a classe política do país
O Ministério Público Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal um pedido de abertura de inquérito sobre o senador Agripino Maia (DEM-RN), acusado por um delator de esquema de pagamento de propinas a políticos do Rio Grande do Norte de ter recebido R$ 1 milhão para a campanha de 2010.
O pedido está no gabinete da ministra Cármen Lúcia, que dará aval para o prosseguimento ou arquivará as investigações.
Presidente nacional do DEM, partido de oposição ao governo, Agripino foi coordenador-geral da campanha do senador Aécio Neves à Presidência no ano passado.
O caso foi revelado neste domingo (22) pelo Fantástico, da TV Globo. Na reportagem, o empresário George Olímpio diz que Agripino pediu o dinheiro durante um encontro no apartamento do político em Natal. À Folha, o senador disse que o relato é mentiroso e que o próprio empresário, em 2012, negou ter lhe dado qualquer quantia.
"Vejo que forças estão atuando numa tentativa de nivelar por baixo a classe política", disse Agripino. "Estão tentando colocar um fato que não existiu, e mesmo se tivesse existido, não envolveria dinheiro público, na mesma seara do Petrolão", conclui.
George Olímpio montou um instituto, entre 2008 e 2011, para prestar serviços de cartório ao Detran, que cobrava taxas de cada carro financiado no Estado. Ele teria pago propinas para agilizar a tramitação de uma lei que criava uma inspeção veicular da qual seria beneficiado.
O Ministério Público do Estado descobriu o esquema e fez uma operação antes que ele chegasse a funcionar. Na época, 34 envolvidos foram denunciados, inclusive George Olímpio, que decidiu colaborar só em 2014.
O senador Agripino Maia disse não ter conhecimento de pedido de abertura de inquérito. "O que sei é: como fui citado, os elementos foram enviados à Procuradoria, que vai analisar o se deve ou não abrir inquérito".
A Procuradoria já havia arquivado denúncia contra Agripino, feita por um parceiro de Olímpio no esquema, em 2011. Na época, o primeiro delator voltou atrás e desmentiu a acusação; Olímpio divulgou nota isentando o senador. À TV Globo, promotores disseram que o empresário decidiu colaborar agora porque se viu abandonado.
O senador reconhece que esteve com Olímpio, inclusive em sua casa. "Recebo todo tipo de gente. Agora não tem dinheiro coisa nenhuma", afirma. (SEVERINO MOTTA, GABRIEL MASCARENHAS E DANIELA LIMA)