Câmara desiste de pagar passagens para cônjuges de deputados
'Não somos imunes a erros', diz Cunha após reação negativa à concessão do benefício
A cúpula da Câmara decidiu recuar da medida que autorizava o pagamento de passagens para cônjuges dos parlamentares, a chamada "bolsa-esposa", depois da repercussão negativa do caso.
O recuo, antecipado pela Folha, vai ser discutido nesta terça (3) pela Mesa Diretora, que concedeu o benefício.
No último dia 25, o comando da Câmara aprovou um pacote de reajuste de benesses aos deputados que terá impacto anual de R$ 150,3 milhões aos cofres da Casa.
Entre eles estava a concessão das passagens.
A decisão de voltar atrás ocorre após críticas dos próprios deputados e de pressão da sociedade. Vários gabinetes receberam ligações de eleitores para que os deputados recusassem o benefício.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai sugerir regras mais rígidas para a concessão do benefício. A ideia é que os parlamentares tenham que solicitar à Casa autorização para o uso dos bilhetes para o cônjuge, entre o Estado e a capital, em casos específicos.
"Não acho que foi precipitado nem que deveria tomar mais cuidado. Acho muito bom quando se faz uma atitude e pode ter tranquilidade de vir rever", disse Cunha. "Não somos imunes a críticas e possíveis erros."
As passagens para cônjuges foram uma proposta de campanha de Cunha. Ele afirmou que a medida foi mal interpretada e tratada erroneamente como "regalia". "Foi uma repercussão muito negativa. Não houve entendimento correto",disse.
Cunha dará continuidade, porém, à promessa de construir anexos para mais gabinetes. Já a construção de um shopping no local será avaliada pela cúpula da Casa.
Em 2009, a Câmara restringiu o uso dos bilhetes após deputados usarem verba pública para pagar viagens de familiares e cabos eleitorais.
Nesta segunda (2), a bancada do PT na Câmara decidiu aderir ao movimento contra a "bolsa-esposa", articulação que conta com PSDB, PPS e PSOL. Com o PT, o grupo tem 135 congressistas que se comprometeram a não utilizar o benefício.
A bancada do PC do B, com 13 deputados, também informou que adotou a postura.