Outro lado
Acusado não tem vínculo com desmatamentos, diz advogado
"De uns anos para cá, o Ibama colocou esse apelido nele: o maior desmatador da Amazônia. E aí começaram a acusar ele de tudo o que acontecia", diz Valter Stavarengo, advogado que defende o comerciante Ezequiel Castanha.
Apontado como líder de uma organização criminosa no Pará, ele é acusado de formação de quadrilha, invasão de terras públicas, desmatamento de unidades de conservação e degradação de florestas, entre outros crimes.
"A negociação das áreas compreendia, na maioria, o serviço de derrubada da mata, realização de queimada e plantação de capim. Ou seja, deixavam pronto para a pecuária ou plantação de grãos", diz Bruno Benassuly, delegado da Polícia Federal.
Depois, com ajuda de um corretor, as áreas invadidas eram negociadas com investidores no Sul e Sudeste, segundo a acusação. Para atrapalhar as investigações, as propriedades eram registradas em nomes de laranjas.
"A quadrilha tinha hotéis, supermercado. Ele usava essas empresas para movimentar dinheiro. Tinha uma movimentação bancária incompatível com o patrimônio dele", afirma o procurador da República Daniel Avelino.
Para seu advogado, Castanha é perseguido: "Todo mundo na região sabe disso".
Segundo ele, o comerciante fez um desflorestamento há muitos anos e já assumiu a responsabilidade com o Ibama.
"Ele não tem nenhum vínculo com os outros desmatamentos. Meu cliente é dono de supermercado. Só que ele tem ligação por amizade com todo mundo que está envolvido nesse caso", afirma.
O advogado diz que o Ibama não tem certeza de quem é o dono de muitas áreas investigadas e, em alguns casos, mesmo quando o verdadeiro proprietário apresenta documentos de posse, insistem que a terra é de Castanha.
"É muito difícil para o meu cliente falar que o Ibama está mentindo porque é o Ibama. E a maioria dos brasileiros acredita mesmo que quem está na Amazônia está aqui só para fazer coisa errada", afirma Stavarengo.