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Juiz é suspeito em sumiço de dinheiro apreendido de Eike
Parte de R$ 116 mil do empresário desapareceu de Vara, segundo revista
Magistrado foi afastado após dirigir Porsche de Eike; R$ 600 mil que eram de traficante também somem
Após ser afastado de todos os processos contra o empresário Eike Batista, o juiz federal Flávio Roberto de Souza teve seu nome envolvido em suposto desaparecimento de dinheiro que estava guardado na 3ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, da qual o magistrado era titular.
Segundo reportagem da revista "Veja", teriam sumido parte dos R$ 116 mil apreendidos na casa de Eike no mês passado e mais R$ 600 mil de um traficante espanhol, preso em 2013.
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) afastou no fim de fevereiro Souza do caso Eike Batista depois que fotos revelaram o juiz dirigindo um Porsche Cayenne, um dos veículos de luxo apreendidos na residência do empresário a seu mando. Na ocasião, Souza dissera que a atitude foi normal.
O magistrado também deu a vizinhos a guarda de um outro carro da família do empresário, um Range Rover, e de um piano de cauda.
Os dois bens foram posteriormente devolvidos.
DESTITUIÇÃO
Como consequência da decisão do CNJ e da repercussão negativa, o Órgão Especial do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) no Rio e no Espírito Santo decidiu na quinta (5) destituir Souza das funções do cargo de titular da 3ª Vara Federal Criminal.
De acordo com a revista, a corregedoria do tribunal determinou que um grupo de juízes investigasse as ações de Souza à frente da 3ª Vara. Surgiram, então, rumores sobre o sumiço do dinheiro.
A partir das suspeitas, diz a publicação, o grupo indagou ao juiz sobre o paradeiro do dinheiro. Souza teria apontado o local onde o dinheiro estava guardado, mas os magistrados descobriram que a totalidade dos valores não estava no cofre indicado pelo próprio juiz, de acordo com a revista.
A reportagem não esclarece qual valor retido de Eike desapareceu. Relata, porém, que Souza pode não estar relacionado ao suposto desvio do dinheiro, pois outras pessoas tinham acesso ao cofre onde ele estava guardado.
Por esse motivo, o grupo de magistrados continua a investigar o paradeiro dos recursos, de acordo com a publicação.
A Folha tentou contato com a corregedoria do Tribunal Regional Federal, mas não obteve resposta neste sábado (7).
Procurado, o juiz Flávio Roberto de Souza não atendeu aos telefonemas.
PROCESSOS PARADOS
Atualmente, os processos contra Eike estão parados. Aguardam sessão do CNJ em que se definirá a Vara e o juiz que serão responsáveis pelo caso a partir de agora.
Além de suspender o juiz, o TRF anulou todos os seus atos nos processos. Apenas os bloqueios de bens do empresário foram mantidos pelos desembargadores do tribunal.
Eike Batista é réu por supostamente ter cometido "insider trading" (negociação de ações com informação privilegiada) e manipulação de mercado, na venda de ações das empresas OGX, de óleo e gás, e OSX (indústria naval).
A defesa do empresário nega as acusações.