Cunha é alvo de afagos de aliados e aplausos de empresários no Rio
Presidente da Câmara voltou a criticar procurador por inquéritos
No primeiro dia útil após se tornar formalmente investigado na operação Lava-Jato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu afago de aliados e empresários.
Recebido com aplausos na Associação Comercial do Rio, foi elogiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Durante seu discurso de 25 minutos, foi aplaudido sete vezes. Uma delas após afirmar que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, usou critérios distintos para propor o arquivamento de procedimentos contra uns e pedir inquérito contra outros.
Ao fim da apresentação de sua defesa, disse que a fez para deixar as cerca de 400 pessoas presentes "confortáveis".
"Não achem que alguém aqui vai ficar constrangido de exercer a presidência da Câmara com absurdos dessa natureza, porque não ficarei", disse, seguido por aplausos.
Em seu discurso, Paes afirmou sua "admiração, respeito e gratidão" ao aliado.
Pezão, cuja investigação na Lava Jato é iminente, também teceu elogios. "Quando gravei um vídeo para a campanha do Eduardo, falei que só ele poderia fazer as discussões que precisaria fazer no país."
À noite, Cunha se reuniu com seu advogado, o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza, em Brasília.
No encontro, ficou acertado que a defesa fará varredura em todos os pedidos de abertura de inquérito.
Segundo o deputado, a avaliação inicial de sua defesa apontou várias "incoerências" no pedido acolhido pelo Supremo Tribunal Federal.
"Ele [Janot] cita no início um delator dizendo que ouviu de outra pessoa. Essa outra pessoa também é delator e não falou isso. Isso prova que usou dois pesos e duas medidas. Ele escolheu a quem investigar", afirmou. (ITALO NOGUEIRA E MÁRCIO FALCÃO)