Doleiro e ex-diretor se contradizem sobre políticos
Procuradores cogitam acareação entre delatores
O ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef apresentaram versões contraditórias sobre o envolvimento, na Operação Lava Jato, de cinco políticos: os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Humberto Costa (PT-PE) e Lindbergh Farias (PT-RJ), a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) e o ex-ministro Antonio Palocci (PT).
Enquanto o ex-diretor afirma que eles receberam propina do esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro diz que não fez esses repasses.
Devido ao descompasso entre as versões, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Brasília colheram novos depoimentos dos delatores em fevereiro.
No caso de Palocci, Costa e Youssef permaneceram com suas versões iniciais. Essa contradição preocupa os investigadores.
Costa contou ter ouvido de Youssef que o ex-ministro ou um emissário dele procurara o doleiro para pedir R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010. Segundo Costa, o próprio doleiro fez o repasse.
Youssef nega os dois fatos: a versão de que foi procurado por Palocci e que tenha entregado os valores.
Os procuradores que cuidam dos inquéritos de políticos já cogitam uma acareação entre os delatores.
Costa também diz ter recebido dois pedidos de Lobão, de R$ 1 milhão em 2008 e de R$ 2 milhões em 2010.
O último valor seria usado na campanha de Roseana ao governo do Maranhão. Segundo o executivo, Youssef cuidou do pagamento, o que o doleiro nega.
Segundo Youssef, outro doleiro ou alguma empresa pode ter entregue os recursos a Roseana. Ouvido em fevereiro sobre a divergência, Costa admitiu que pode ter se enganado sobre a participação de Youssef apenas em relação ao repasse de 2008.
"Uma parte dessas delações deve ser anulada por causa de ilegalidades, como a ausência de espontaneidade", diz o advogado de Roseana e Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.