Ex-tesoureiro da campanha diz que PT está 'paralisado'
Em carta ao partido, Edinho Silva (PT-SP) afirma que é necessário 'pegar história nas mãos' e 'ir à luta política'
Deputado afirma que ajuste na economia é necessário, mas que o projeto deve 'ir além da agenda econômica'
Tesoureiro da campanha à reeleição de Dilma Rousseff, o deputado estadual Edinho Silva (PT-SP) divulgou nesta quarta-feira (11) uma carta aberta ao PT em que admite "erros" do partido e do governo "no campo político" e diz que nunca os petistas estiveram "tão paralisados" diante de um cenário adverso.
"Há, sim, erros no nosso campo político. Nunca na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados", diz o texto.
Em meio à crise que traga o Palácio do Planalto, Edinho pediu uma reação do que chama de binômio PT/governo e afirma que "é hora de pegarmos nossa história nas mãos" e "irmos para a luta política".
A divulgação da carta se deu dois dias após o petista ter ido a Brasília comunicar a interlocutores de Dilma sua desistência de comandar a APO (Autoridade Pública Olímpica) e de o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco dizer à CPI da estatal que repassou US$ 300 mil à campanha da presidente em 2010. Barusco afirmou que o dinheiro foi entregue ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que nega a informação.
No ano passado, Edinho foi o responsável pelas contas da campanha de Dilma. Na carta enviada a dirigentes do PT, militantes e integrantes do governo, Edinho diz que "se pessoas se utilizaram do PT para enriquecimento, toda vez que isso for provado, esses têm que pagar e temos que ser os primeiros a defender a penalização".
"Se a corrupção é endêmica e povoa as instâncias governamentais, ela tem que ser combatida com muita dureza", completa o deputado.
Ainda na carta, Edinho evoca a tese "nós contra eles", utilizada na campanha de Dilma, e diz que "não há novidades" nas manifestações contra a presidente.
"Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República? (...) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras contra reformas estruturais, seriam benevolentes conosco?"
O ex-tesoureiro também defendeu as últimas medidas econômicas do governo e disse que é necessário "ajustar a nossa economia para que possamos continuar crescendo com justiça social."
O petista pondera que o projeto deve "ir além da agenda econômica" e evoca as reformas política, tributária e eleitoral, bastante discutidas dentro do PT mas sem reflexos em ações práticas do governo Dilma Rousseff.