Sem rivais, PT presidirá grupo alvo de evangélicos
Governo negociou retirada de candidatos a presidir a Comissão de Direitos Humanos
Em sessão marcada por embates e sem adversário da bancada evangélica, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) foi eleito nesta quinta (12) presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara com 14 votos (3 em branco).
Em seu discurso, Pimenta acenou aos grupos antagônicos. "Não podemos admitir a fragilização da cultura dos direitos humanos", disse ele, o único a se candidatar.
Para evitar que Pimenta enfrentasse a bancada religiosa, o PT agiu e conseguiu que líderes partidários trocassem três deputados que articulavam candidaturas: Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), aliado do pastor Silas Malafaia, Anderson Ferreira (PR-PE) e Pastor Eurico (PR-PE).
Cavalcante acusou o PT de "estuprar partidos" e de ter preconceito com evangélicos. Os colegas no PT negaram.
O colegiado tem sido cobiçado por religiosos por tratar de temas progressistas, como aborto e orientação sexual.
A outra disputa, na próxima semana, será pelas três vice-presidências. Na ausência do presidente, os vices podem ditar o ritmo da sessão e até por propostas em votação.
A discussão divide os evangélicos. Uma ala propõe lançar nomes e a outra acha melhor não comandar do grupo.
A sessão teve provocações. Após intervenção de Jean Wyllys (PSOL-RJ), Pastor Eurico disse que "discordar não faz eu querer odiar ou matar."
Erika Kokay (PT-DF) retrucou. "[A homofobia] também é construída nas tribunas. O discurso não é inocente."
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) disse que os evangélicos sofrem preconceito e reclamou dos colegas. "A comissão tem que ser de direitos humanos, não dos manos".