Impeachment não é solução, diz Marina
No lugar de trazer a ordem, impugnação poderia aprofundar o caos, diz ex-senadora
Um dia antes das manifestações contra Dilma Rousseff, a ex-senadora Marina Silva (PSB) divulgou neste sábado (14) um texto no seu site em que refuta o impeachment e afirma que um processo como este pode levar a "um aprofundamento do caos."
"Muita gente vai para as ruas protestar. Há uma campanha pedindo o impeachment da presidente que foi eleita há poucos meses. Compreendo a indignação e a revolta, mas não acredito que seja a solução. Talvez o resultado não seja o pretendido retorno à ordem, mas um aprofundamento do caos."
Terceira colocada na disputa de 2014, ela defende que seja dado um "prazo inicial a todo governo eleito, para que diga a que veio". Segundo Marina, essa tese é válida também "quando o escolhido --ou guiado pelas estrelas-- recebe da sociedade a cômoda ou incômoda tarefa de suceder a si mesmo."
Apesar das ponderações que faz quanto ao impeachment, Marina não deixa de provocar o partido em que esteve filiada por 24 anos: "O impeachment seria uma punição ao PT, sem dúvida".
"Uma resposta no mesmo padrão criado pelo partido quando estava na oposição: gritar 'fora' a qualquer governo, com ou sem provas de corrupção, pela simples avaliação ideológica de que eram governos contrários aos interesses dos trabalhadores."
Mesmo assim, Marina reconhece que as principais lideranças "têm agido com cautela" quando o assunto é impeachment e diz que "o governo é ruim, mas temos a responsabilidade de manter não ele, mas a democracia."
Relembrando discursos como candidata ao Planalto, Marina critica o governo, que, segundo ela, é marcado pelo atraso na política e pela crise de credibilidade. "A mudança na equipe econômica parece ser insuficiente."
Para ela, há quatro pontos que devem ser atacados pelo governo diante da crise: a transição para uma economia de baixo carbono, o aperfeiçoamento dos programas de inclusão social, a recuperação dos fundamentos macro e microeconômicos e o combate à corrupção, com a liberdade de imprensa.
Segundo a senadora, a crise política e a situação de Dilma são questões que serão decididas "no coração do povo". "Só os que fazem silêncio e ficam atentos conseguem ouvir o que diz esse coração", conclui.