Protestos de março
Quem disse isso?
Como se a história desse voltas, tucanos e petistas agora têm opiniões diferentes ao falar de impeachment
"Só não posso aceitar golpismo. Não posso aceitar a vontade de desrespeitar a decisão do povo." "Não é possível a gente não aceitar a regra do jogo. A eleição acabou."
Mais de 15 anos separam as duas frases, mas parece que ambas foram ditas ontem. Uma foi pronunciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1999. A outra, pela presidente Dilma Rousseff (PT), há seis dias.
A comparação mostra como os discursos de petistas e tucanos se assemelham na hora de reagir a crises como a que Dilma enfrenta agora.
Em 1999, pouco depois de assumir o segundo mandato, FHC viu sua popularidade despencar com a crise que o levou a promover uma guinada na política econômica e deixar o real se desvalorizar.
Um dos expoentes do PT na época, o gaúcho Tarso Genro, pediu a renúncia do presidente antes que o novo governo completasse um mês. O atual chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, acusou FHC de estelionato eleitoral.
Em maio, o PT passou a defender o impeachment de Fernando Henrique. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fora derrotado na eleição de 1998, comparou o governo tucano a uma "quadrilha". A história agora se repete, com petistas e tucanos em papéis trocados.