Outro lado
Ex-ministro afirma que prestou serviços e desconhece desvios
Dirceu diz que contratos de consultoria não têm relação com obras investigadas pela Operação Lava Jato
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse por meio de sua assessoria que as atividades de sua empresa de consultoria são lícitas e não têm relação com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato.
A assessoria da empresa de Dirceu classificou como "ilações" os relatos do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e de um representante da Camargo Corrêa sobre a atuação de Dirceu, obtidos pela Folha.
"A JD Assessoria e Consultoria não se pronuncia sobre supostas ilações que estão fora dos autos do processo, portanto sem qualquer fundamentação legal, e que visam tão somente tentar criminalizar a licitude da prestação de serviços da empresa", disse.
Em manifestação anterior sobre o relatório da Receita Federal que apontou pagamentos feitos a Dirceu por empresas investigadas pela Lava Jato, o ex-ministro afirmou que "todos os serviços prestados para as construtoras não têm qualquer relação com os contratos sob investigação na Petrobras". Segundo a assessoria, as empreiteiras representam apenas 10% do total de clientes da consultoria de Dirceu.
Em nove anos de atividades, a consultoria atendeu cerca 60 clientes de quase 20 setores da economia, diz a nota.
Sobre os pagamentos no valor total de R$ 1,45 milhão feitos à JD pela empresa Jamp, do consultor Milton Pascowitch, apontado como operador do esquema de corrupção na estatal, a assessoria defendeu a legalidade.
Conforme a nota, o contrato com "a Jamp Engenharia é legal" e foi assinado também com o "objetivo de prospectar negócios para a Engevix no exterior". O texto ressalta que a empresa de Dirceu se dedicou, na maioria das consultorias realizadas, a trabalhar por oportunidades e contratos fora do país.
A assessoria informou que, no período da consultoria, a empresa atuou em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de irrigação e linhas ferroviárias no Peru.
REUNIÕES NO EXTERIOR
Ainda de acordo com a nota, durante a vigência do contrato, Dirceu fez diversas reuniões no Brasil com executivos da companhia e viajou a Lima, no Peru, para tratar de interesses da Engevix.
Esse fato foi confirmado por Gerson Almada, executivo da empreiteira preso em Curitiba e que prestou depoimento ao juiz federal Sergio Moro na semana passada.
A Secretaria de Finanças do PT reiterou que todas as doações recebidas foram legais e estão declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). "A empresa UTC, quando doou ao PT, cumpriu todos os trâmites legais, depositando o dinheiro na conta do Diretório Nacional a partir de uma TED realizado diretamente da conta da empresa. A doação foi voluntária e realizada após tratativas com o presidente da UTC, Ricardo Pessoa", informou.
"Esclarecemos ainda que o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, nunca conversou com o senhor Pessoa sobre os serviços prestados a ele pela consultoria do senhor José Dirceu", conclui a assessoria de imprensa de João Vaccari Neto.
O advogado da UTC, Alberto Zacharias Toron, afirmou que não iria se manifestar sobre o assunto. O advogado da construtora Camargo Corrêa, Celso Vilardi, disse que a contratação dos serviços de consultoria oferecidos pelo ex-ministro não envolveu nenhum tipo de constrangimento para a empreiteira.