Oposição precisa 'fazer seu trabalho' contra Dilma, diz líder de protestos
Integrante do MBL espera que ato do dia 12 de abril leve rivais da presidente a pregar impeachment
Afirmação foi feita em debate promovido por Folha e UOL; líder do Quero Me Defender quer pauta conjunta
Líder de um dos principais grupos anti-Dilma Rousseff, o ativista Fernando Silva, 18, do Movimento Brasil Livre, disse que as manifestações de rua têm como objetivo forçar a oposição "a fazer o seu trabalho". A principal bandeira do MBL é o impeachment da presidente.
Segundo ele, os partidos que atuam contra o governo, como o PSDB, mantêm uma posição "frouxa", "que não condiz com o que as pessoas estão pedindo".
"Nós queremos que eles se levantem e façam valer os votos que ganharam. Esperamos que depois do dia 12 de abril [data da próxima manifestação] a oposição possa entender de forma mais clara o que as pessoas estão pedindo", disse o jovem, mais conhecido na internet como Fernando Holiday.
A declaração foi dada nesta segunda (30), em São Paulo, durante debate promovido pela Folha em parceria com o portal UOL com alguns dos principais mobilizadores dos atos anti-Dilma.
Além do MBL, o advogado Cláudio Camargo, 41, do Quero Me Defender, página com 400 mil seguidores, participou do evento. Ele disse que não há elementos para o impeachment, mas defendeu a adoção de uma pauta conjunta dos diversos grupos que contemple pontos pacíficos, como o corte de ministérios.
"Se não nos unirmos, vamos perder. Tem que deixar de lado algumas bandeiras para lutar pelo país."
Para Holiday, a atuação de Dilma no conselho de administração da Petrobras (2003-2010) abre uma via para o impeachment. Ele também vê condições políticas para tal: "Ela já não governa. Quem governa é Eduardo Cunha [presidente da Câmara] e Renan Calheiros [presidente do Senado]. Ela está lá como uma rainha da Inglaterra."
Questionado se não via problemas em exigir o afastamento de Dilma, mas poupar nomes do PMDB, como Cunha e Calheiros, também envolvidos no escândalo, o líder do MBL disse que o PMDB é "menos pior" que o PT por não ter "viés perigoso": "O PT utiliza a corrupção para ferir a liberdade", concluiu
Holiday e Camargo disseram repudiar a ideia de intervenção militar. "Sou contra ditadura, de direita ou de esquerda", disse Camargo.
Três membros do SOS Forças Armadas, a favor de intervenção, estavam na plateia do evento, aberto ao público. Ao fim, houve discussão entre eles e estudantes que os chamaram de fascistas.
Convidado, Marcello Reis, do grupo Revoltados On Line, confirmou presença, mas não compareceu. Rogerio Chequer, do Vem Pra Rua, também foi convidado, mas não quis participar.