Petrolão
Sócio de doleiro quer ir à China buscar provas de suborno
Réu pede à Justiça para ir atrás de comprovantes de que empreiteiras pagaram propina fora do país
Leonardo Meirelles foi citado por Youssef como dono de contas que podem ter sido usadas pela Odebrecht
Réu na Operação Lava Jato sob acusação de ter emprestado contas para o doleiro Alberto Youssef enviar recursos para fora do país, o empresário Leonardo Meirelles pediu autorização à Justiça para ir à China e a Hong Kong buscar provas sobre remessas ordenadas por empreiteiras.
Um dos objetivos da viagem, segundo a Folha apurou, é tentar encontrar comprovação de que a Odebrecht pagou propina fora do país para conseguir contratos na Petrobras. Meirelles é réu confesso na Lava Jato: vem contribuindo com a investigação para ter uma pena menor.
Em depoimento à Justiça na última terça-feira (31), o doleiro Alberto Youssef disse que a Odebrecht pagava propina fora do Brasil e usava uma empresa do Panamá, a Constructora del Sur S/A, para fazer as remessas.
O doleiro citou que um desses pagamentos pode ter sido feito por meio de uma das contas de Leonardo Meirelles. Disse que não tinha certeza se a conta era a de Meirelles ou de outro doleiro, Carlos Alberto Souza Rocha.
Meirelles tem três contas na China e em Hong Kong pelas quais passaram cerca de US$ 140 milhões, segundo estimativa do próprio empresário. Ele ganhou cerca de US$ 1,5 milhão com as operações.
As contas eram abertas em nomes de empresas que Meirelles comprava quebradas, e os recursos eram enviados à China simulando o pagamento de importação de produtos químicos.
Os produtos nunca foram enviados ao Brasil, mas o dinheiro era usado para fazer pagamentos no exterior, entre eles o de suborno para empreiteiras, segundo Meirelles.
Ele e Youssef tiveram uma sociedade na Labogen, laboratório que chegou a fazer uma parceria com o Ministério da Saúde para produzir o princípio ativo de um remédio que o país importa.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que virou delator, entregou à Justiça comprovantes de que recebeu, segundo ele, US$ 916,7 mil da Odebrecht por meio da Constructora del Sur.
A mesma empresa foi usada para fazer pagamentos ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, segundo autoridades de Mônaco.
OUTRO LADO
A Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento ilícito para conseguir contratos da Petrobras. A empreiteira diz que nunca teve relação com a Constructora del Sur.
"Não são verdadeiras as notícias que vêm sendo veiculadas que atribuem à Odebrecht a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco", afirma a nota.