Petrolão
Diretor da Saúde ajudou laboratório, afirma empresário
Investigado na Lava Jato, Leonardo Meirelles diz que integrante do ministério pôs EMS em negócio de R$ 134 mi
Ex-ministro Padilha é citado como um dos que ajudaram o Labogen, firma que tinha como sócio o doleiro Youssef
Um diretor do Ministério da Saúde responsável por parcerias que visam a produção de remédios que atualmente são importados favoreceu o laboratório EMS, segundo o empresário Leonardo Meirelles, sócio do Labogen, empresa investigada na Operação Lava Jato.
Meirelles disse em depoimento à Polícia Federal que foi o diretor de Produção Industrial e de Inovação do ministério, Eduardo Jorge Valadares Oliveira, quem colocou o EMS na parceria que o Labogen tinha com o ministério, um negócio que renderia R$ 134,4 milhões em cinco anos para as empresas.
O EMS é o maior laboratório do país, com faturamento de R$ 3,4 bilhões em 2014.
Já o Labogen tinha características de empresa de fachada, segundo a PF, já que não tinha registros para operar.
O depoimento de Meirelles à PF sobre o suposto tráfico de influência foi citado pelo juiz federal Sergio Moro para decretar a prisão do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT-PR) na sexta (10).
Originalmente o projeto do Labogen era com outro laboratório, o Geolab, de acordo com relato de Meirelles.
O empresário disse nos depoimentos que o diretor do ministério ligou em 2013 para um dos executivos do Labogen e informou que eles teriam a EMS como parceiro.
No dia seguinte, contou Meirelles, uma funcionária da EMS o procurou para formalizar a sociedade. A parceria visava a produção de um princípio ativo para tratar pressão alta no pulmão e foi desfeita depois que a Folha revelou que o doleiro Alberto Youssef estava por trás do negócio.
Meirelles relatou que a atuação de André Vargas, na época em que era deputado, foi decisiva para que o Labogen conseguisse a parceria.
Ele disse que buscava esse negócio desde 2010, mas não era recebido no ministério.
Meirelles contou que o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou de uma reunião no apartamento de Vargas em 2013, na qual Youssef estava presente.
Youssef era sócio do Labogen e usava contas da empresa para fazer remessas que chegam a US$ 140 milhões. Meirelles foi preso pela PF em março de 2014, não fez acordo de delação, mas confessou crimes para tentar obter uma pena menor e foi solto.
OUTRO LADO
O ministério diz não ter achado irregularidade em sindicância sobre o Labogen. O atual ministro, Arthur Chioro, disse que não há registro de reunião entre o Padilha e Vargas. Se o encontro ocorreu, disse, foi fora da agenda oficial.
Padilha disse não se lembrar de reunião na casa de Vargas. E que cumpriu função institucional ao receber representantes dos projetos.
A EMS não quis comentar.