Justiça condena ex-juiz por evasão e lavagem
Preso por vender sentenças, Rocha Mattos é acusado de enviar valores para Suíça
O ex-juiz João Carlos da Rocha Mattos foi condenado pela Justiça Federal em São Paulo a 17 anos e cinco meses de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O advogado do ex-juiz disse que "provavelmente" irá recorrer da decisão.
Rocha Mattos ficou célebre ao ser preso em 2003 na Operação Anaconda --uma das maiores já feitas pela Polícia Federal--, sob a acusação de liderar esquema de venda de sentenças na Justiça Federal.
O então juiz o cargo e foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção e formação de quadrilha. Ele ficou preso até ganhar o direito a cumprir pena em regime semiaberto, em 2011.
Uma ação do Ministério Público Federal que tramita desde 2011 aponta que o ex-juiz recebeu valores não justificados e os remeteu ilegalmente para uma conta na Suíça.
A Procuradoria afirma que sua ex-mulher, Norma Regina Emílio Cunha (condenada a 15 anos), e o irmão dela, Júlio César Emílio (que teve a pena revertida em prestação de serviços e pagamento de R$ 10 mil a uma instituição social indicada pela Justiça), ajudaram-no.
"Dezessete anos de prisão extrapola qualquer linha razoável", afirmou o advogado Daniel Martins Silvestri, referindo-se à pena aplicada a Rocha Mattos.
O ex-juiz e a ex-mulher poderão recorrer em liberdade. Como se trata de crimes diferentes, o ex-juiz pode voltar novamente à prisão ao final do processo.
Já em 2003, investigadores da Operação Anaconda encontraram notas de transações de Norma e Rocha Mattos no Brasil e no exterior.
Agora, inquérito sobre o caso mostra que a movimentação do ex-juiz e de sua ex-mulher em uma conta na Suíça superou os US$ 12 milhões (mais de R$ 36 milhões no câmbio desta segunda-feira).