Petrolão
PT decide que partido não receberá mais doações de empresas privadas
Decisão foi anunciada junto com a escolha de Marcio Macedo (PT-SE) como novo tesoureiro da sigla
Presidente da legenda ameaçou deixar o cargo caso o substituto de Vaccari fosse João Batista (PT-PA), da CNB
A cúpula do PT anunciou nesta sexta-feira (17) que o partido não vai mais receber doações de empresas privadas. A decisão ocorreu no mesmo dia em que o ex-deputado federal Marcio Macedo (PT-SE) foi escolhido para substituir João Vaccari Neto à frente da tesouraria petista.
Ex-secretário de Finanças da sigla, Vaccari foi preso na quarta (15) pela Polícia Federal por suspeita de distribuir propina para o PT no esquema de corrupção da Petrobras.
De acordo com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a resolução vale imediatamente, mas será referendada somente em junho, no congresso do partido, na Bahia.
Falcão disse que a legenda "estimulará contribuições de pessoas físicas" com um programa que, via e-mail e mensagem de celular, convidará simpatizantes e filiados petistas a doar entre R$ 15 e R$ 1 mil por mês ao partido.
Hoje, é costume no PT que todos os filiados com mandato no Executivo e no Legislativo façam contribuições mensais obrigatórias à sigla.
A cúpula petista reconhece que as doações empresariais ao PT e outros partidos diminuíram consideravelmente após o início da Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras e o repasse de propina a políticos e funcionários públicos.
"O fato de a gente deixar de receber doação empresarial não significa que todas as contribuições empresariais que recebemos até agora tenham qualquer tipo de mácula", afirmou Falcão.
O documento divulgado pelo Diretório Nacional do PT, que traz a resolução sobre as doações, diz ainda que as investigações da Lava Jato são fruto de "uma escalada das forças conservadoras" que tem "propósito indisfarçável de derrotar a administração de Dilma Rousseff, revogar conquistas históricas do povo brasileiro e destruir o PT."
NOVO TESOUREIRO
A reunião que escolheu o novo tesoureiro petista foi tensa. Após três favoritos de Falcão rechaçarem o convite, Francisco Rocha da Silva, dirigente da ala majoritária do partido, indicou o nome de João Batista (PT-PA) para o cargo. Tinha o apoio de Mônica Valente, mulher do ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Falcão, porém, não aceitou a indicação e, diante da insistência, chegou a dizer que deixaria a presidência do PT caso Batista fosse aprovado. O presidente queria alguém de sua confiança e aceitou Macedo, sugestão do deputado José Guimarães (PT-CE).