FHC minimiza divergência entre tucanos sobre impeachment
Para ex-presidente, pedido é prematuro; Aécio prega 'coragem'
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso minimizou nesta quarta-feira (22) as divergências na cúpula do PSDB sobre a apresentação de um pedido de impeachment de Dilma Rousseff.
Enquanto o ex-presidente voltava a dizer no Rio que a discussão é precipitada, o presidente do partido, Aécio Neves (MG), afirmava em Brasília que o partido terá "coragem" de apresentar o impeachment se houver provas.
As divergências começaram na semana passada, quando Aécio passou a defender o impeachment, após o Datafolha informar que a maioria da população quer o afastamento da presidente.
O presidente ddo PSDB defende a apresentação do pedido se ficar comprovada a participação de Dilma nas chamadas "pedaladas fiscais", manobras do Tesouro com dinheiro de bancos públicos para reduzir artificialmente o deficit do governo em 2013 e 2014.
FHC e o senador José Serra (SP) disseram considerar a discussão prematura.
Em evento no Rio, o ex-presidente disse que Aécio está correto em dialogar com grupos pró-impeachment, mas voltou a dizer que afastar a presidente não pode ser "objeto de desejo" da oposição.
"[Minha posição] não é em contradição com líder tal ou qual do PSDB. Pelo contrário, acho que cumprem o dever deles de expressar com mais força o sentimento de segmentos da sociedade. Eu estou querendo não me limitar a segmentos, mas olhar o conjunto do país em sua perspectiva histórica", afirmou.
FHC voltou a defender a necessidade de investigações e, só depois delas, discutir eventuais provas e clima político para processo. "Não adianta botar o carro na frente dos bois", acrescentou.
Também nesta quarta, Aécio disse que não faltará "coragem" ao partido para fazer o pedido de impeachment caso ele seja possível.
"Não faltará ao PSDB a coragem necessária para, no momento certo, se identificados realmente os crimes que agora são noticiados, vamos agir como esperam de nós a grande maioria dos brasileiros", afirmou o tucano.
Sobre a divergência com FHC e Serra, o senador mineiro disse que há "nuances diferentes" agora, mas que a legenda estará unificada quando tomar uma decisão.
"Seria estranho se não houvesse. Essas posições são cada vez mais convergentes. No momento da ação, a unidade será absoluta. Não vamos nos precipitar, fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT", disse Aécio.
PARECER JURÍDICO
A pedido do PSDB, o jurista Miguel Reale Júnior elabora um parecer sobre a possibilidade de impeachment. Reale esteve reunido com Aécio nesta quarta, em Brasília.
A Folha apurou que o jurista pediu um prazo maior para apresentar o pedido, uma vez que considera "açodado" correr na elaboração de um parecer que merece uma detalhada análise jurídica.