FHC poupa Dilma, mas diz que corrupção vem de Lula
Não se deve personalizar escândalo da Petrobras na atual presidente, disse
Ex-presidente negou atuar por conciliação com a petista, mas pregou que deve haver algum entendimento
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça (13), em Nova York, que não se deve personalizar na figura da presidente Dilma Rousseff o escândalo de corrupção na Petrobras. Mas atacou o ex-presidente Lula.
"Esses malfeitos vêm de outro governo, isso deve ficar bem claro. Vêm do governo Lula. Começou aí. Não é uma questão de personalizar, é um questão de procedimento", afirmou, após um seminário promovido pelo grupo Lide para investidores.
FHC negou atuar pela conciliação com Dilma. Mas pregou que deve haver algum grau de entendimento para que o país supere a crise econômica e política: "Não estou falando de conciliação. Não estou de forma alguma dizendo que é necessário apoiar este governo, ou apoiar o PT".
Questionado sobre a que tipo de entendimento se referia, disse que uma pré-condição para isso é que as investigações sobre corrupção sejam aprofundadas. "Precisamos passar a limpo o país."
Depois disso, ele defende uma mudança no sistema político e o apoio a medidas para superar a crise econômica.
Sobre o fato de o PSDB ter votado contra a primeira parte do ajuste fiscal, disse que o pacote do governo precisava mesmo ser revisto, e que não basta um ajuste de corte de gastos sem apontar saídas. "Mais que de ajuste, o Brasil precisa de esperança. Para onde vamos? Está faltando isso."
Principal orador do evento e autor de uma fala igualmente conciliadora no seminário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, negou que ele e FHC integrem uma "ala moderada" do tucanato. "Não é ala moderada, o PSDB é um só: oposição. É tão patriótico ser governo quanto ser oposição. Agora, nós temos que trabalhar, nós somos governantes. E São Paulo indo bem, ajuda o Brasil."
Evitando críticas diretas a Dilma, Alckmin disse que o governo "fez inúmeras opções erradas". "É só pegar a situação econômica que estamos vendo. Sobre o ajuste fiscal, por exemplo, 90% é só sacrifício da população, aumento de imposto e cortar benefício. A parte do governo mesmo é muito tímida".