Polícia prende empresário ligado a governador do PT
Amigo de Fernando Pimentel é investigado por suspeita de associação criminosa
Empresas de Benedito Oliveira receberam R$ 525 milhões por contratos com governo federal desde 2005
A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (29), sob suspeita de associação criminosa, um empresário ligado ao PT e ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené, cujas empresas receberam pelo menos R$ 525 milhões em contratos com o governo federal desde 2005.
A PF também prendeu um assessor que trabalhou na campanha de Pimentel em 2014, Marcier Trombiere Moreira, e fez buscas em um apartamento em Brasília usado até o ano passado como residência da mulher de Pimentel, Carolina Oliveira. Eles se casaram em abril passado.
Não foram divulgados os resultados das buscas no endereço da primeira-dama. Ela é próxima de Bené e montou uma empresa de comunicação, a Oli, que, segundo a revista "Época" informou em 2014, prestou serviços ao PT.
A casa do ex-deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) também foi alvo de buscas em Belo Horizonte.
Investigadores do caso detectaram indícios de crime eleitoral, e é possível que parte da investigação siga para um tribunal com prerrogativa de processar autoridades com foro privilegiado.
Indagado sobre Pimentel ser alvo da apuração, o delegado Dennis Cali afirmou que "até o momento o governador não é objeto da investigação" e "nenhum partido político" é investigado.
Bené atua nos ramos de gráfica, publicidade e organização de eventos e manteve contratos com pelo menos dez ministérios nos últimos dez anos. Os negócios tiveram uma ascensão vertiginosa.
Em 2005, sua Gráfica e Editora Brasil recebeu apenas R$ 400 mil na Esplanada dos Ministérios. Em seguida o faturamento explodiu, atingindo, segundo os valores apresentados pela PF, pouco mais de meio bilhão de reais desde 2005 por meio de só duas empresas, a gráfica e a Dialog.
Levantamento da Folha indica que os principais clientes das empresas foram os ministérios da Saúde, com R$ 105 milhões, das Cidades (R$ 56 milhões) e do Desenvolvimento Social (R$ 21 milhões).
Em 2010, Bené esteve na berlinda quando a imprensa revelou que ele pagava o aluguel de uma casa no Lago Sul usada na primeira campanha da presidente Dilma Rousseff.
Em outubro passado, a PF apreendeu R$ 113 mil em notas de reais e dólares em um avião turboélice King Air, pertencente a Bené, que pousou em Brasília vindo de Belo Horizonte. No voo estavam Bené e Marcier Moreira, que fora assessor do Ministério das Cidades, sob controle do PP.
Na campanha de Pimentel em 2014, o PT pagou R$ 3,2 milhões por serviços prestados pela gráfica de Bené.
O delegado Dennis Cali afirmou que há provas de desvio de recursos públicos, mas a PF ainda não sabe esclarecer o destino do dinheiro.
"Sabemos que houve sobrepreço, que ocorreu a inexecução dos contratos, que houve o desvio do recurso público. O objeto da investigação é justamente rastrear para onde esses valores transitaram, por quem transitaram e como transitaram", disse.
Segundo a PF e o Ministério Público Federal, os suspeitos movimentaram recursos fracionando valores para despistar as autoridades e usando empresas fantasmas.