Paulista herdou liderança de partido secular
Dois buracos chamam a atenção ao lado da porta principal na casa do paulista Carlos Eddé, 59, em Beirute --marcas de atentados contra seu tio, Raymond Eddé, durante a guerra civil libanesa (1975-1990), mantidas hoje como memória.
Carlos herdou de seu tio --morto na França, em 2000-- a liderança do Bloco Nacional Libanês, um dos partidos políticos históricos ali. Nessa posição, mantém a sigla fundada em 1936 pelo avô, Émile, pedindo um Líbano secular.
Carlos nasceu ali, mas viveu também no Brasil e nos EUA. Aos 19 anos, durante a guerra, deixou Beirute temendo a perseguição à sua família, para retornar só 24 anos depois. "Éramos visados", diz, referindo-se aos atentados contra seu tio.
No exterior, estudou administração e política. Afirma ter sido eleito líder "à revelia", após a morte do tio. "Diziam que precisavam de uma geração de políticos que não viessem dos senhores da guerra."
Carlos concorreu duas vezes em eleições locais, derrotado em ambas por Michel Aoun, um popular ex-general libanês. "Eu defendo um Estado secular. Essa mensagem foi rejeitada."