Ministro confirma acordo com 'chefe do clube' de empreiteiras
Com a delação premiada, Ricardo Pessoa, dono da UTC, tenta reduzir eventual punição
Relator no STF (Supremo Tribunal Federal) dos inquéritos que apuram o envolvimento de políticos no esquema de corrupção na Petrobras, o ministro Teori Zavascki confirmou o acordo de delação premiada entre a Procuradoria-Geral da República e Ricardo Pessoa, dono das empreiteiras UTC e Constran.
A informação foi confirmada pela defesa do empreiteiro. Ele é apontado como líder do cartel de empresas associado para desviar recursos da Petrobras e que envolvia pagamento de propina para políticos. Com o acordo de delação, o empresário tenta diminuir uma eventual punição. A partir de agora, ele terá que participar de depoimentos complementares.
Preso pela Polícia Federal em novembro do ano passado na sétima fase da Lava Jato, Pessoa foi autorizado, no final de abril, a ficar em regime de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. O empreiteiro se comprometeu com o Ministério Público Federal a revelar o que sabe sobre pagamentos de suborno na Petrobras e em outras estatais e o suposto envolvimento de políticos.
Ele também irá pagar uma multa de R$ 50 milhões, a segunda mais alta entre os delatores da Operação Lava Jato. Nas negociações para o acordo, Pessoa disse que deu R$ 7,5 milhões para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado, negociados com o tesoureiro Edinho Silva, ainda segundo o empresário.
A doação, segundo Pessoa, visava evitar retaliações em contratos com a Petrobras, conforme a Folha revelou em maio. Atualmente, Edinho ocupa o Ministério da Secretaria de Comunicação Social.
Tanto ele quanto o PT negam ter recebido doações ilegais na campanha do ano passado.