PF investiga fraude de R$ 100 mi em órgãos federais
Receita Federal e Casa da Moeda foram alvo de mandados de busca nesta quarta
A Polícia Federal investiga um esquema de fraude em contratação de empresa envolvendo a Receita Federal e a Casa da Moeda em que cerca de R$ 100 milhões podem ter sido pagos em propina para servidores dos órgãos.
A investigação da chamada Operação Vícios se refere ao Sistema de Controle da Produção de Bebidas (Sicobe). Trata-se da instalação, nas linhas de produção de bebidas frias, de equipamentos contadores de produção, registro e transmissão à Receita, para fins de tributação.
A operação, que conta com o apoio da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda, cumpriu nesta quarta (1º) 23 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, em dependências da Receita e da Casa da Moeda, em residências, escritórios e na sede da empresa SICPA Brasil Indústria de Tintas e Sistemas Ltda.
Os policiais apreenderam mídias, computadores e documentos, além de R$ 70 mil na casa de um servidor.
A Folha apurou que o ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci e o ex-coordenador-geral de Fiscalização da Receita Marcelo Fisch são investigados.
Denucci deixou o cargo em 2012, sob suspeita de ter recebido propina de fornecedores da estatal. Atualmente, Fisch é chefe de de divisão de Controles Fiscais Especiais da Receita.
A Polícia Federal começou a operação há quase dois anos. Os contratos de prestação de serviço sob suspeita vão desde 2008 e tiveram faturamento nos últimos seis anos superior a R$ 6 bilhões.
A investigação iniciou-se quando a Presidência da Casa da Moeda informou à Polícia Federal sobre a suspeita de que funcionários estariam tentando direcionar procedimento licitatório para a recontratação da SICPA, informou o Ministério da Fazenda.
OUTRO LADO
A SICPA afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que não cometeu irregularidade e que colaborará com as investigações em curso.
A Casa da Moeda ressalta que tem colaborado com as investigações, que todos os suspeitos serão exonerados e, se condenados pela Justiça, demitidos da instituição.
A Folha não conseguiu contato com o ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci e o ex-coordenador-geral de Fiscalização da Receita Marcelo Fisch.