Presidente precisa conversar com o povo, diz Lula
Num discurso à federação dos petroleiros, o ex-presidente Lula reconheceu o momento difícil e apontou um roteiro para a recuperação do governo Dilma Rousseff.
"Nosso governo está, outra vez, precisando conversar com o povo", disse.
"Ela [Dilma] conviveu muito comigo e sabe que, nas horas mais difíceis, não tem alternativa a não ser encostar a cabeça no ombro do povo e conversar com ele. Explicar quais são as dificuldades e quais são as perspectivas."
Para Lula, Dilma "tem que fazer o que tiver para fazer em Brasília e, oh, pé na estrada", disse. "Ela e os ministros [...]O povo vai cobrar? Vai. Mas tem que cobrar mesmo."
"A Dilma é boa de papo. Se ela andar e depois abraçar o povo --tem que abraçar, sentir--, é essa coisa que dá oxigênio. Quando fica em Brasília esperando... puta merda."
Lula falou de seus planos: "Não vou me matar, não vou sair do país, eu vou para a rua. Se quiserem me derrubar, vão ter que me derrubar na rua".
O petista defendeu o ajuste fiscal e o comparou aos cortes que fez ao chegar ao poder, em 2003. Atribuiu o mau momento à crise internacional, que estourou em 2008, e disse que as pessoas só veem um Brasil pior hoje porque o comparam com o país que os petistas construíram.
Sobre a Lava Jato, voltou a afirmar que a Petrobras e seus trabalhadores não podem ser penalizados pelas denúncias: "Se alguém fez alguma sacanagem ou roubou, essa pessoa que pague pelo roubo, e que os trabalhadores não sejam punidos". Também criticou "vazamentos seletivos" de detalhes da operação.
Lula aproveitou o evento para falar em intolerância e criticar "irresponsáveis escondidos na internet".
Grupos de defesa dos direitos das mulheres petroleiras manifestaram repúdio a adesivos vendidos na internet que mostram o rosto da petista com as pernas abertas. "Peço a Deus todo dia para a Dilma não perder a tranquilidade. Nessas horas tem que provar porque foi eleita", disse Lula.