Petrolão
Lava Jato vai melhorar contratos públicos, diz juiz
Sergio Moro reclamou de ser tratado com ofensas de baixo nível por parte de advogados
Em congresso de jornalistas, ele disse que a operação causa grande estresse em sua vida pessoal
No mais importante encontro de jornalistas investigativos do país, a pergunta que mais chamou a atenção foi feita por um juiz. Ela veio do magistrado federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, ao falar da preocupação pelo fato de o caso afetar grandes empresas e causar riscos de demissões e falências.
"O custo de soluções deles [crimes de corrupção] é realmente grande. Mas qual seria o custo da continuidade?", indagou.
E ele mesmo respondeu: "Contratos públicos cada vez mais custosos e obras públicas que nunca terminam".
O juiz disse que não poderia falar sobre pontos específicos do caso de corrupção na Petrobras, mas ressaltou que a investigação revelou "problemas que vinham se acumulando há tanto tempo sem uma resposta adequada pelas instituições e, de repente, esses problemas começaram a aparecer de forma clara".
Moro aproveitou uma das raras aparições públicas para reclamar que não tem sido tratado com respeito por parte dos defensores dos réus, e que, muitas vezes, foi ofendido publicamente com expressões de "baixo nível".
Mas, nas palavras do próprio juiz, a participação no 10º congresso internacional da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) na sexta-feira (3) tinha como objetivo mostrar que ele não é a "besta-fera" que alguns tentar dizer que ele é.
Mostrando bom humor ao responder às perguntas do jornalista Roberto D'Avila e do público que lotou o auditório, Moro disse que pensou em se formar em jornalismo e só passou a gostar da faculdade de direito a partir do terceiro ano do curso.
Ao responder sobre o que escreveria a respeito do juiz Sergio Moro na Lava Jato, caso fosse jornalista, brincou: "O juiz Moro quer férias".
Também provocou risos ao dizer que, apesar de sempre ser visto com roupas escuras, possui peças coloridas, e que a preferência pelo preto e cinza era apenas momentânea.
Moro negou-se a falar sobre temas pessoais e disse que com isso evita um "culto à celebridade". Afirmou apenas que a Lava Jato causa grande estresse em sua vida pessoal, mas que seu cotidiano é "banal" e parecido com o da maioria da população.