Assembleia da BA contrata seus ex-deputados
Quem perdeu eleição volta nomeado por colegas; outros Estados têm situação parecida
Eles deixaram o púlpito e não usam mais o broche de deputado. Mas continuam circulando com desenvoltura pelas assembleias legislativas. Após perderem a eleição de 2014 ou disputas anteriores, ex-deputados estaduais têm sido acolhidos por antigos colegas nas casas legislativas em cargos que pagam até R$ 21 mil de salário.
A Folha identificou 42 ex-deputados lotados nas assembleias de 12 Estados.
Campeã nesse tipo de nomeação, a assembleia da Bahia tem oito ex-deputados em cargos de livre nomeação em sua folha, além de um que é concursado e acumula função comissionada.
Eles estão nos gabinetes, diretorias e até na fundação da TV Assembleia. A maioria é resultado de acordos com Marcelo Nilo (PDT), presidente da Casa pela quarta vez.
Nomeado para a TV, o ex-deputado Carlos Gaban (DEM) assessora a oposição. O mesmo ocorre com a ex-deputada Maria Luiza Laudano (PSD), que apoia governistas.
Nilo garante que não há desvio de função: "Eles atuam nas bancadas, mas também acompanham os projetos culturais e entrevistas dos deputados". Gaban, contudo, diz que não sabe por que foi nomeado para a fundação da TV. "Trabalho apenas na bancada da oposição por minha experiência na área de finanças", afirma.
Os nove custam R$ 1 milhão por ano à Assembleia. Nenhum deles bate ponto, assim como 90% dos servidores.
No Amapá, sete ex-deputados foram nomeados na Assembleia. Situações semelhantes ocorrem em Goiás, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, entre outros estados.
As contratações não são ilegais. Mas algumas têm sido questionadas pelas promotorias estaduais.