Há indício de que doação legal seja propina, diz PF
Informação foi utilizada para a polícia solicitar a prorrogação de inquéritos contra políticos
Em relatórios enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre as investigações de políticos suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, a Polícia Federal sustenta que, em alguns casos, já "existem elementos iniciais suficientes" que indicam que a doação eleitoral foi utilizada como forma de corrupção.
A afirmação está presente nos inquéritos que apuram menções feitas aos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Humberto Costa (PT-PE) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Todos negam irregularidades.
A argumentação foi utilizada para a PF solicitar a prorrogação dos prazos de investigação dos inquéritos --a maioria foi estendida até agosto pelo STF. A PF ressalta, no entanto, a necessidade de aprofundar os casos.
A PF leva em consideração depoimentos de delatores e de testemunhas com cruzamentos de informações sobre reuniões, registros em agenda, telefones e dados sobre as doações aos congressistas.
Desde o início das investigações da Operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras envolvendo políticos, agentes públicos e empreiteiras, o Ministério Público Federal e a PF suspeitam que as doações legais, registradas na Justiça Eleitoral, mascaravam desvios de recursos da estatal.
Acareação
Nos documentos enviados ao STF, a Polícia Federal solicita ainda uma nova acareação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, os principais delatores.
A PF quer confrontar as versões sobre a entrega de R$ 2 milhões para a campanha da ex- governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) em 2010, que teria sido solicitada pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA), que na época era Ministro de Minas e Energia. Paulo Roberto aponta que autorizou o repasse, mas Youssef nega ter feito a entrega do valor.
Ao todo, o Supremo abriu 25 inquéritos e investiga 50 pessoas.