Em reação a Aécio, Dilma volta a acusar oposição de golpismo
Presidente diz que adversários desrespeitam instituições ao 'prejulgar' tribunais antes de conclusão de investigações
Senador tucano cobra 'serenidade' de petista; vice Michel Temer diz que ela ficará no cargo até o fim do mandato
A presidente Dilma Rousseff voltou a usar o termo "golpista" em crítica à oposição. Ela rebateu nesta quinta-feira (9) a acusação de adversários de que, em entrevista à Folha, tentou inibir os tribunais que investigam contas do seu governo e de sua campanha à reeleição.
"Em momento algum da minha entrevista eu passei por cima de nenhuma instituição. Nem o TCU [Tribunal de Contas da União] ainda deu um parecer definitivo sobre minhas contas. Eles abriram a oportunidade de nos explicar e vamos nos explicar bem explicado, e a mesma coisa o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]", afirmou.
Ela deu a declaração após participar da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), na cidade russa de Ufá.
Na terça, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que o PT tinha o discurso por não "reconhecer os instrumentos de fiscalização", no caso, os tribunais.
Na Rússia, Dilma mencionou o tucano, afirmando que os adversários adotaram discurso de que TCU e TSE, que julgam processos que põem em xeque o mandato presidencial, já teriam decidido.
"A gente não fica discutindo quem é quem e não é golpista. Quem é golpista mostra na prática as tentativas, que começa, por isso: prejulgar uma instituição", afirmou a presidente.
Nesta quinta, o ex-presidente Lula também recorreu à expressão em um texto publicado no Facebook: "Não há espaço para retrocesso: o tempo do golpismo passou para nunca mais".
Em resposta, o senador Aécio Neves disse que a oposição não é golpista e desafiou Dilma a provar que ele tenha dado declarações contrárias à Constituição.
O tucano afirmou que só defendeu as instituições do país e o respeito à Constituição pelo governo, o que comprova que a presidente está "acuada" e "desconectada com a realidade".
"Não fazemos aqui prejulgamentos. Mas ninguém, absolutamente ninguém neste país, inclusive a presidente da República, está acima das instituições", disse Aécio.
O senador afirmou que Dilma, mesmo fora do Brasil, está perseguida pela "incerteza em relação ao futuro".
Sem falar em impeachment, o tucano disse que seria uma "saída mais tranquila e adequada para o Brasil" que Dilma cumprisse o mandato até o fim, mas que quem vai definir seu futuro não é a oposição, e sim ela própria e o povo brasileiro.
VICE
O presidente interino, Michel Temer (PMDB), afirmou durante entrevista nesta quinta-feira em Dourados (MS) que seu partido está "na mesma canoa" da gestão Dilma Rousseff.
A declaração foi dada em resposta a pergunta sobre se o PMDB iria "abandonar o barco" do governo.
De acordo com Temer, seu partido "é aliado" de Dilma e seguirá colaborando "com a presidente e com o país".
Perguntado se o PMDB conseguirá manter a presidente em sua cadeira, o vice afirmou: "Ninguém precisa segurar. Ela vai continuar até o final com muita tranquilidade". (LEANDRO COLON, GABRIELA GUERREIRO, FLÁVIA FOREQUE E JOÃO PEDRO PITOMBO)