Outro Lado
Alvos das buscas criticam operação da PF
Políticos investigados dizem que as ações eram desnecessárias, pois eles colaboram com as apurações
Para os alvos da nova fase da Operação Lava Jato, chamada Politeia, as buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal nesta terça-feira (14) em vários locais eram desnecessárias.
Defensor do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro criticou a operação.
"O senador se colocou à disposição, ofereceu seus sigilos, prestou depoimento. Infelizmente, no Brasil de hoje, os atos invasivos passam a ser a regra", afirmou.
Em nota, a defesa do ex-ministro Mário Negromonte (ex-PP-BA, hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia) informou que ele colaborou com os trabalhos, "inclusive com a entrega espontânea de todos os elementos considerados indispensáveis pelas autoridades", por ter "convicção" de que será considerado inocente pela Justiça.
Em nota, o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) disse que sempre esteve à disposição para colaborar com as investigações e "fornecer todas as informações demandadas". "Inclusive de documentos que poderiam ter sido solicitados diretamente ao senador, sem qualquer constrangimento", completa.
Advogado do ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC), Michel Saliba disse que apoia a investigação, mas considera desnecessárias medidas invasivas.
VIOLÊNCIA
Também por meio de uma nota, o escritório Cedraz Advogados, que representa o advogado Thiago Cedraz, filho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, afirmou considerar uma "violência sem precedentes" as medidas tomadas pela Polícia Federal "com base em uma delação premiada negociada por um réu confesso [o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC] que mente a fim de se beneficiar".
Acrescenta que o escritório também se colocou à disposição das autoridades para passar informações necessárias à apuração dos fatos, mas "sequer teve uma resposta das autoridades".
ACESSO
Os advogados do empresário Aldo Guedes Álvaro, ex-sócio do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, solicitaram ao STF (Supremo Tribunal Federal) acesso ao pedido de busca e apreensão do Ministério Público. Eles avaliam que seu caso está ligado às investigações envolvendo o senador Fernando Bezerra.
O deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) e Carlos Alberto de Oliveira Santiago, um dos sócios da Aster Petróleo, não foram localizados.
A Folha também não conseguiu contato com a defesa dos ex-dirigentes da BR Distribuidora José Zonis e Luiz Cláudio Caseira Sanches.