Outro Lado
Vital do Rêgo nega uso de recursos ilegais
Ministro do TCU afirma que não tem relação com ex-tesoureiro que o acusa de receber verba desviada de prefeitura
O ministro do TCU Vital do Rêgo negou ter recebido recursos do ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande Rennan Trajano Farias.
Por meio de uma nota, disse que não tem "relações de qualquer natureza" com as pessoas citadas em e-mail enviado pela Folha com uma série de perguntas.
Vital do Rêgo afirmou ter interpelado judicialmente Farias, em dezembro de 2013, para que confirmasse ou negasse o que disse em um vídeo divulgado por um blog da Paraíba no qual prometia revelar fatos comprometedores sobre Vital do Rêgo e seu irmão Veneziano.
Em janeiro de 2014, a representação foi arquivada pela Justiça "em razão da não apresentação de explicações por parte do interpelado [Farias]".
Segundo o ministro do TCU, "fazer uso do foro competente não foi o interesse deste conhecido cidadão [Farias], que esquivou de se manifestar nos autos do referido processo de interpelação judicial. Aliás, este comportamento soa como subterfúgio de um cidadão que é notoriamente conhecido na Paraíba pela prática de atos reprováveis, como a transferência de recursos públicos para a sua conta pessoal (matéria veiculada pela mídia paraibana)".
Em sua nota, o ministro disse que o ex-tesoureiro "procurou" a Folha. Na verdade ocorreu o contrário: a reportagem é que procurou e entrevistou Farias.
Veneziano Rêgo (PMDB-PB) afirmou que as declarações de Farias são "infâmias" e "delinquências verbais" sobre as quais "certamente não faltam estímulos e subvenções". "A obtenção de recursos financeiros em minhas campanhas eleitorais sempre ocorreu conforme as regras legais, sendo as contas respectivas devidamente aprovadas", escreveu o deputado.
Rennan Farias disse à Folha que não respondeu à interpelação de Vital do Rêgo, em 2013, porque foi orientado pelo seu advogado, mas "em nenhum momento" recuou das declarações feitas em dezembro de 2013.
FORO PRIVILEGIADO
Farias também tomou duas medidas para, segundo ele, levar o Judiciário a apurar o caso, além de aceitar fechar um acordo de delação premiada: protocolou representação no Ministério Público da Paraíba e procurou o Ministério Público Federal de Campina Grande, que repassou o assunto para a PGR (Procuradoria Geral da República), em Brasília, pois Vital tem foro privilegiado.
Em ambos os casos, Farias ainda não foi ouvido.
Sobre a acusação de depósito de dinheiro do município em sua conta, Farias disse que houve um engano da prefeitura e o valor foi devolvido no mesmo dia da operação.
O empresário Eduardo Ribeiro Victor, da empreiteira Compecc, negou participação em irregularidades no contrato da JGR. "Não tenho nada a ver com isso, não", disse.
Victor alegou que Farias "ligou para todo mundo pedindo dinheiro", caso contrário iria procurar a imprensa, o que Farias nega.