Dilma quer dividir esforço no Congresso com governadores
Em reunião, presidente pedirá aos chefes estaduais que trabalhem para evitar aprovação de 'pautas-bomba'
Ajuda para evitar desaprovação de contas de 2014 não constará da pauta, pois poderia inviabilizar encontro
A presidente Dilma Rousseff decidiu convidar todos os governadores para uma reunião na quinta-feira (30) e dividir com eles a responsabilidade de evitar a aprovação das chamadas pautas-bomba no Congresso.
Durante o encontro, Dilma pedirá aos chefes estaduais para atuar em suas bancadas na Câmara e no Senado com o objetivo de impedir a aprovação de projetos que custem caro aos cofres públicos.
Entre os pedidos estão a aprovação da reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e a manutenção do veto presidencial ao reajuste salarial do Judiciário.
O vice-presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira (27) que os governadores serão "bons articuladores" no Congresso, pois sabem que as medidas que aumentam gastos do governo federal têm impacto direto nos Estados.
"Quando se tem aumentos na área federal, eles repercutem, pela chamada cascata, nos Estados federados, de modo que eles [governadores] serão bons aliados no interesse da federação e dos Estados", disse o vice-presidente após participar de duas reuniões com a presidente para discutir o assunto.
O formato do encontro, porém, causou polêmica nos bastidores do Planalto.
Inicialmente, a ideia da presidente era convidar os governadores de sua base aliada e apenas alguns da oposição –os que, segundo um auxiliar de Dilma, "estão dispostos a ajudar o país".
Depois, o Planalto definiu que os 27 governadores seriam convidados e cogitou, inclusive, dividir a reunião em encontros regionais para evitar desgastes causados por ausências ou declarações públicas contra o "pacto de governabilidade" proposto pela presidente.
Segundo a Folha apurou, apesar da pauta ampla, não vai constar oficialmente da agenda um pedido de ajuda para evitar que o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeite as contas da presidente do ano passado.
Ministros de Dilma afirmam que alguns representantes da oposição, que já não são simpáticos ao encontro, não aceitariam discutir uma pauta sobre o TCU, o que inviabilizaria o encontro.
MINISTROS
Além da definição sobre o encontro com governadores, Dilma, na reunião com sua equipe, determinou a todos os ministros políticos que sejam mais ativos e procurem congressistas de seus partidos para ouvi-los e pedir que não aprovem projetos que aumentem os gastos públicos.
Segundo assessores presidenciais, Dilma disse à sua equipe que ela não pode ficar atuando de "forma reativa", mas deve antecipar-se aos problemas. A ideia, segundo auxiliares, é que essa estratégia seja colocada em prática logo no retorno dos trabalhos do Legislativo, em agosto.
Dilma mostrou-se preocupada também em acelerar todos os programas do governo que possam ajudar a recuperar o crescimento da economia neste ano.
A presidente está preocupada com o risco de o país entrar em recessão não só neste, mas também no próximo ano. Em 2015, o governo admite uma retração de 1,5% do PIB.