Almirante preso é levado a quartel do Exército
Othon chefiou programa nuclear secreto da Marinha durante a ditadura e se aposentou
Preso nesta terça-feira (28) por suspeita de corrupção, o presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, foi levado para um quartel do Exército em Curitiba, recebendo tratamento diferente dos outros suspeitos presos pela Operação Lava Jato.
Como oficial da Marinha, Othon tem direito a permanecer detido numa organização militar. Os demais presos pela Lava Jato estão divididos entre a carceragem da Polícia Federal em Curitiba e o Complexo Médico-Penal de Pinhais, um presídio estadual.
O almirante está no quartel do Comando da 5ª Região Militar, em Curitiba. Lá, fica detido sozinho, num quarto com cama e banheiro que é guardado permanentemente por militares, de acordo com protocolos de segurança estabelecidos pelo Exército.
Como sua prisão é temporária, válida por cinco dias, ainda não foi estabelecida uma rotina de banhos de sol. Os outros suspeitos dividem suas celas com outros presos.
O Ministério Público Federal acusa Othon de ter recebido R$ 4,5 milhões em propina de empreiteiras que participam da construção da usina nuclear Angra 3, obra contratada pela Eletronuclear.
O almirante, de 76 anos, afastou-se da Marinha em 1994, quando se aposentou e abriu uma empresa de consultoria para trabalhar em projetos da iniciativa privada. Ele assumiu a presidência da Eletronuclear em 2005, quando o PMDB passou a controlar o Ministério de Minas e Energia.
Nas décadas de 70 e 80, Othon chefiou o programa secreto da Marinha que levou ao desenvolvimento das centrífugas de enriquecimento de urânio, que hoje produzem parte do combustível das usinas de Angra dos Reis.
Othon estudou engenharia naval na Escola Politécnica da USP e fez mestrado no MIT (Massachussetts Institute of Technology), onde se especializou em engenharia nuclear.