Almirante recebeu R$ 765 mil, diz delator
Empresário afirmou à PF que fez repasses da Engevix a uma firma ligada ao presidente licenciado da Eletronuclear
Acusação de Victor Colavitti foi um dos argumentos usados pelo juiz Moro para estender prisão de militar
Presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva foi acusado por um delator de ter recebido R$ 765 mil em pagamentos indiretos da empreiteira Engevix.
A afirmação foi feita por Victor Sergio Colavitti, dono da Link Projetos e Participações, em depoimento à Polícia Federal. Segundo o empresário, a Link foi usada para intermediar repasses da Engevix à Aratec, firma que pertence à família do militar e é controlada pela filha dele, Ana Cristina.
A declaração de Colavitti foi um dos argumentos usados pelo juiz federal Sergio Moro para converter a prisão temporária de Othon em preventiva na quinta (6). O almirante foi detido na semana passada, durante a 16ª fase da Operação Lava Jato.
"A fraude que já estava indicada pelas provas documentais foi agora objeto de confissão", escreveu o juiz em seu despacho.
Em depoimento à PF na terça (4), Colavitti disse que fazia trabalhos de engenharia e projetos para a Engevix e que foi pressionado pela empreiteira, a partir de 2010, a fazer pagamentos à Aratec.
O delator afirmou que aceitou fazer os repasses para "preservar seu bom relacionamento" com a empreiteira, mas que não sabia que o beneficiário era o presidente da Eletronuclear.
De acordo com a investigação, apesar de ter havido contratos e emissão de notas fiscais, não havia nenhuma prestação de serviço entre a Link e a Aratec.
OUTRO LADO
A defesa do militar negou as acusações. À Justiça, a defesa de Ana Cristina afirmou que a Aratec é uma "empresa renomada" e desenvolve pesquisas "na área de engenharia naval e mecânica". Disse ainda que prestou serviços de tradução e que Othon não tem qualquer tipo de ligação com essas atividades.
A Engevix disse que está prestando os esclarecimentos necessários à Justiça.