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'Portugueses estão imóveis', diz Valter Hugo Mãe em debate
Escritor falou em SP sobre crise na Europa
"Eu quero que meu povo se revolte", disse o escritor português Valter Hugo Mãe, 43, durante sabatina realizada pela Folha em parecia com o Fronteiras do Pensamento neste sábado (8).
O escritor disse se incomodar com o pacifismo português em relação à crise econômica e às ações tomadas por países como a Alemanha.
Para ele, o cidadão está imobilizado. "Vocês sabem que a única vez que fizemos uma revolução foi com flores, e a única pessoa que morreu foi de comoção", disse diante de uma plateia lotada no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. O encontro foi mediado por Sylvia Colombo, repórter especial da Folha, e pelo colunista Manuel da Costa Pinto.
Nascido em Angola, de pais portugueses, o autor comentou a experiência de retornar ao país europeu após a descolonização. "Me chamavam de preto. Havia um preconceito contra quem regressava, porque os salários diminuíram para serem divididos com mais gente."
Para além da política, refletiu sobre seu processo de escrita. "O texto em si surge rápido. É violento". De fato, seu "O Paraíso São os Outros" (Cosac Naify.) foi escrito durante uma corrida de táxi em São Paulo. "O que não é tão rápido assim", brincou. "Para vermos como a literatura é boa com a gente, o livro apareceu mesmo que as condições fossem disparatadas."