'Não julguem Dilma por seis meses de mandato', pede Lula
Na Marcha das Margaridas, ex-presidente diz que petista pode ter errado, mas precisa de apoio
Evento que discute a situação dos trabalhadores do campo recebeu R$ 855 mil de estatais
Em meio a um cenário de crise política e econômica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta terça-feira (11) que sua sucessora, Dilma Rousseff, pode ter errado à frente do governo.
Em discurso na abertura da 5° Marcha das Margaridas, em Brasília, ele admitiu que o país enfrenta dificuldades, mas pediu que não julguem a petista pelos últimos seis meses, mas pelos mais de quatro anos de mandato.
"É lógico que ela pode errar, como eu errei e como qualquer um erra enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são aceitas 100% pelos filhos. Nós sabemos disso, mas quando ela errar, ela é nossa mãe e temos de ajudá-la a consertar", afirmou. " Não julguem a Dilma por seis meses de mandato, porque ele é de quatro anos", acrescentou.
A uma plateia de cerca de 40 mil trabalhadores agrícolas o petista disse que os partidos de oposição estão "raivosos". "Essas pessoas que agora se apresentam como a solução se esqueceram de que, quando cheguei à Presidência do país, ele estava quebrado", provocou.
Para o petista, a presidente não pode ser responsabilizada pela crise econômica atual, causada, na avaliação dele, por problemas financeiros dos Estados Unidos e pela Europa.
"É o momento da gente levantar a cabeça e dizer para a companheira Dilma que o problema que o país tem enfrentado não é só dela, mas é nosso", defendeu.
Em uma crítica ao seu antecessor no Planalto, Fernando Henrique Cardoso, o petista disse que o tucano precisava conhecer melhor o país ao ter afirmado nas eleições passadas, segundo ele, que a presidente só ganhou por causa dos votos no Nordeste. Na época, o tucano negou que tenha criticado a população nordestina e acusou o petista de ter mentido sobre a declaração dele.
O evento foi marcado por discursos favoráveis às gestões petistas e contra os movimentos favoráveis ao impeachment da presidente.
"Não admitimos nenhum golpe neste país", defendeu a secretária de mulheres da Contag, Alessandra Luna.
Apesar da postura amistosa em relação ao governo federal, houve também críticas ao ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Uma das apostas do comando nacional do PT para fazer frente aos protestos contra a presidente Dilma marcados para o domingo (16), a Marcha das Margaridas recebeu patrocínio de R$ 855 mil de empresas estatais.
O movimento em defesa das mulheres do campo, promovido no Estádio Mané Garincha, em Brasília, contou neste ano com recursos da Caixa Econômica Federal (R$ 400 mil), do BNDES (R$ 400 mil) e da Itaipu Binacional (R$ 55 mil).
O BNDES informou que considera que a marcha é uma oportunidade de divulgação dos programas do banco. Itaipu disse se tratar de um evento tradicional. A Caixa se limitou a informar o valor repassado.