'Cultura do golpe ainda existe no Brasil', diz presidente na TV
Para Dilma, porém, não há 'condições materiais' para isso ocorrer
Às vésperas das manifestações anti-governo previstas em mais de 200 cidades, a presidente Dilma Rousseff disse que "a cultura do golpe ainda existe" no Brasil mas que, hoje não há "condições materiais" de isso ocorrer.
"No passado, até a nossa redemocratização, sistematicamente houve tentativas de golpe", avaliou a presidente. "Esse passado não se coaduna com a nossa democracia. [...] Acho que a cultura do golpe existe ainda, mas não acho que tenha condições materiais de ocorrer", concluiu.
A presidente falou durante entrevista ao SBT, exibida na noite desta quarta (12). Dilma disse que protestos são legítimos, desde que não haja "intolerância". "A intolerância divide o país", afirmou.
"Manifestações são normais. O que temos que evitar é a intolerância", completou.
Ela disse ver, no entanto, um "processo de intolerância" no Brasil só visto "quando se rompeu a democracia".
RENÚNCIA
Na entrevista, a presidente afirmou que "jamais" cogitou a renúncia. "Eu acho fantástico um questionamento desse tipo", disse.
"Democracia exige respeito à instituição. Esse respeito é fundamental não para mim, para o meu caso, mas para todos os que vierem depois de mim", afirmou.
Questionada sobre a força do governo para barrar um pedido de impeachment no Congresso, não quis responder.
Antes, em um evento de trabalhadoras rurais com 30 mil mulheres, a Marcha das Margaridas, em Brasília, Dilma citou uma citação do artista Lenine para dizer que "nos maus tempos da lida eu envergo, mas não quebro".
Ao SBT, a presidente disse que não vê um isolamento no Congresso, mas cobrou "responsabilidade de todos" para que o ambiente político não contamine o ambiente econômico. Para ela, as chamadas pautas-bombas não vão "proliferar".
Dilma fez elogios ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ela afirmou que o conjunto de propostas apresentado por Calheiros ajuda o país a discutir saídas para a crise, ainda que, ressaltou, não haja concordância do governo com toda a pauta.
Sobre Temer, disse que o peemedebista têm contribuído de forma sistemática para o seu governo."Não tem intriga entre mim e o Temer. Ela não dura." Na última semana, setores do PMDB começaram a se movimentar pela subida de Temer ao Planalto, no caso da saída da petista.