Impeachment perde força após a denúncia, avaliam ministros
Governo considera que passa a lidar com 'inimigo enfraquecido'
Tanto o governo como setores do PMDB preveem o mesmo roteiro de repercussão do caso Eduardo Cunha: haverá aumento da instabilidade política, mas a ameaça de um processo impeachment, por ora, fica adormecida.
Em um primeiro momento, o desgaste do presidente da Câmara não alivia os embates do governo com o Congresso, já que muitos dos problemas enfrentados pela presidente Dilma Rousseff derivam da crise na economia.
É quase unânime a avaliação de que o presidente da Câmara, denunciado pelo Ministério Público nesta quinta-feira (20), não ficará isolado imediatamente. Nos bastidores, estima-se que seu enfraquecimento será "homeopático".
Um fato chamou a atenção do PMDB. Cunha é acusado por Janot de receber US$ 5 milhões de propina. Mas a denúncia apresentada ao STF pede ressarcimento muito superior –R$ 80 milhões.
Para colegas de partido e para o próprio Cunha, trata-se de um sinal de que a investigação não para por aqui.
Questionada sobre o caso nesta quinta, Dilma limitou-se a afirmar que "a Presidência e o Executivo não fazem análise a respeito de investigações." Para rabater a acusação de Cunha de que o governo está por trás das denúncias, o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), Edinho Silva, afirmou que "acredita na isenção das instituições que apuram as denúncias".
Para ministros, o governo passa a rivalizar com um "inimigo enfraquecido", mas ainda muito influente na Câmara. O temor é de novas retaliações. Ninguém prevê, ao menos por ora, o afastamento do presidente da Câmara.