Brasil em crise
Ao menos 32 cidades são palcos de atos anti-impeachment
Para organizadores de eventos em 25 capitais, protestos reuniram 207 mil; polícia calculou 62 mil em 21 locais
As tentativas de derrubar Dilma foram classificadas de 'golpe'; Cunha e Levy foram alvos dos presentes
Pelo menos 32 municípios de 24 Estados e do Distrito Federal foram palcos nesta quinta (20) de manifestações de rua contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Segundo os cálculos dos organizadores de 25 desses eventos, os protestos reuniram 207 mil pessoas. Autoridades policiais fizeram estimativas em 21 capitais. Nessa conta, o total de manifestantes foi de 62 mil pessoas.
Os eventos tiveram apoio do PT, que convocou a população em sua propaganda na TV. Contudo, os atos trouxeram críticas ao governo, especialmente na área econômica.
CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) estiveram à frente das manifestações e cobraram uma "guinada à esquerda" da presidente.
As críticas foram especialmente dirigidas ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao ajuste fiscal e à Agenda Brasil, medidas encabeçadas pelo PMDB do Senado e apoiadas pelo governo.
Durante discurso em São Paulo, o líder do MST João Paulo Rodrigues pediu "pelo amor de Deus" para Dilma mudar a política econômica.
No Recife, militantes pediram à presidente que não "deixasse os direitos trabalhistas retrocederem". Estudantes de Florianópolis foram diretos: "Levy, mãos de tesoura, corta dos ricos e não da pátria educadora".
PETISTAS
Presente à manifestação em Fortaleza, o deputado federal José Guimarães (PT) admitiu que havia mais faixas no local cobrando mudanças na política econômica e mais programas sociais do que em apoio ao PT e a Dilma.
"Movimento social é assim. Uns apoiam a Dilma, outros querem democracia, outros querem trabalho. Aqui tem muita diversidade e esse é o verdadeiro Brasil", disse.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que participou da manifestação em São Paulo, também minimizou as críticas ao governo Dilma.
"É a maior manifestação que já tivemos porque reúne todas as capitais, outras cidades, movimentações em defesa da democracia contra o golpe e também para movimentos sociais representarem suas mobilizações por mudanças", afirmou.
Esta foi a segunda grande manifestação ligada ao governo Dilma no país. No dia 13 de março, houve atos em pelo menos 23 capitais.
GOLPE
Em todo o país, manifestantes repetiram estar protestando "pela democracia" e contra tentativas de derrubar Dilma. A ideia de impeachment foi classificada como "golpe".
Muitos manifestaram apoio ao ex-presidente Lula, entre bandeiras vermelhas do PT, do PC do B e de sindicatos.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi alvo constante. "Fora já, fora daqui, Eduardo Cunha, leva o Levy", era um dos gritos de ordem dos protestos.