Brasil em crise
Planalto liberará R$ 500 mi a congressistas
Ministro diz que área política venceu queda de braço com a Fazenda e que valor é 'dinheiro na veia' da economia
Com o anúncio, governo espera conter novas ameaças de rebelião no Congresso e votar o Orçamento de 2016
Em meio à crise política e econômica, o governo anunciou nesta terça-feira (25) a liberação de verbas para conter ameaças de novas rebeliões no Congresso Nacional.
O ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil), que hoje integra a articulação política do governo Dilma Rousseff, foi à Câmara dos Deputados anunciar a liberação, nos próximos dias, de R$ 500 milhões para emendas que os congressistas fizeram ao Orçamento da União de 2015.
Devido às dificuldades econômicas, o Planalto vinha represando esses pagamentos, o que causou grande desconforto entre os parlamentares.
"Isso é dinheiro na veia da economia", afirmou o ministro após reunião com integrantes da Comissão Mista de Orçamento do Congresso. As emendas representam, geralmente, pequenas obras e investimentos nos redutos eleitorais dos deputados.
"Já pagamos R$ 300 milhões, temos agora R$ 500 milhões e teremos mais", afirmou o ministro, que disse ter vencido uma queda de braço com a Fazenda.
Com o anúncio, a expectativa do governo é a de que a comissão vote a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que deveria ter sido aprovada até julho. A lei fixa os parâmetros para a elaboração do Orçamento do ano seguinte.
DISCUSSÃO
Padilha acertou também a aprovação de projeto que permite ao governo pagar todas as emendas feitas por congressistas nos anos anteriores e que não saíram do papel, os chamados "restos a pagar". O valor total está em torno de R$ 3,8 bilhões.
A liberação de verbas foi motivo de discussão entre Padilha e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Padilha havia firmado compromisso com congressistas de que conseguiria a verba. Mas a equipe técnica da Fazenda barrou a liberação.
A confusão acabou aumentando a pressão de setores do PMDB para que Temer deixasse a articulação política do governo, decisão que o peemedebista comunicou a Dilma na segunda (24).
Nesta terça, Temer tentou minimizar o impacto de seu movimento e disse que não pode deixar a articulação política "de uma vez".
"Tenho responsabilidade com o país", declarou. "No PMDB, há alguns que querem que eu deixe a articulação e outros tantos que querem que eu continue, mas eu entendi que não posso, tendo responsabilidade com o país, deixá-la de uma vez", afirmou.
Segundo Temer, ele se afasta da negociação de cargos e emendas, mas não da "macropolítica".
O vice rechaçou ainda a hipótese de que sua decisão tenha alimentado movimentos que estimulam a votação de um processo de impeachment contra a presidente.
"É falso, absolutamente falso. Sempre tenho dito e repetido que qualquer hipótese de impeachment é impensável", afirmou.
SECRETARIAS
Padilha também afirmou que as secretarias com status de ministérios são as mais indicadas para serem cortadas no enxugamento de pastas anunciado pelo governo. Hoje, há 24 ministérios e 15 secretarias e órgãos com status de ministério. Um dos cargos que pode perder o status de ministro é a presidência do Banco Central.