Temer põe-se como 'advogado' de empresários
Ele discursou na noite desta quinta-feira na sede da Federação das Indústrias de SP
O vice-presidente Michel Temer disse nesta quinta (27) em jantar na Fiesp que quer ser o "advogado" do setor produtivo na superação da crise. Segundo a Folha apurou, o comentário foi feito para selar a "aliança" com o setor, que, na visão de assessores do vice, "abraçaram" Temer politicamente no encontro.
Para ele, o Brasil vive crise política e econômica, mas não institucional. Ele justificou a saída da articulação política dizendo que quer se dedicar mais às discussões pelo país.
Na reunião, 14 empresários falaram antes dele. Mote comum: o aumento de carga tributária para ajustar as contas.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, avançou nas críticas ao ministro Joaquim Levy (Fazenda) e chegou a pedir sua saída. Depois do evento, o classificou como alguém "insensível" ao desemprego.
Segundo a Folha apurou, o clima entre os dois ficou péssimo depois que Levy deixou Skaf e outros líderes esperando quatro horas para uma reunião em Brasília.
Na Fiesp, Skaf estava sentado na mesma mesa de Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, banco onde Levy trabalhava.
Nenhum outro empresário citou o nome de Levy. Entre eles, vários comentaram que o ministro estava fazendo o que podia e merecia crédito.
Flávio Rocha, da Riachuelo, disse que o varejo vive uma reversão na formalização do trabalho e que mais impostos agora é um tiro no pé.
Segundo relatos, Jorge Gerdau disse a Temer que a indústria "está morrendo" e que isso é fruto de um "problema de liderança".
Coube a Benjamin Steinbruch ensaiar uma piada. Ele afirmou que Temer não deveria se impressionar com os relatos que estavam sendo feitos à mesa, pois o que se ouvia fora dali era ainda pior.