CPI irá a Curitiba para ouvir José Dirceu
Ex-ministro, preso no início deste mês, deverá depor na próxima segunda (31); tendência é de que ele fique calado
Nem os petistas defenderam Dirceu durante a sessão que aprovou a convocação, tida como 'justificável'
A CPI da Petrobras aprovou a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para ser ouvido na próxima segunda (31) em Curitiba.
A convocação do petista foi aprovada nesta quinta (27) em bloco com outros requerimentos e não teve a resistência do PT. A Folha apurou que, como Dirceu estava preso, os deputados do partido avaliaram que não teriam como evitar seu depoimento.
Antes de ele ser preso pela Operação Lava Jato, no início deste mês, os petistas até conseguiram evitar sua convocação para depor na comissão. No lugar dele, foi chamado o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Segundo o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), dessa vez o partido entendeu que a convocação de Dirceu era justificável.
A reação da sigla foi diferente em junho, quando a CPI aprovou a convocação do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, sob forte protesto dos petistas.
Dessa vez, houve baixa presença de parlamentares do partido na sessão e nenhum deles saiu em defesa do ex-ministro.
"Houve um entendimento, inclusive da bancada do PT, de que neste momento se justifica o requerimento [para convocar Dirceu]. É uma oportunidade inclusive para que ele possa passar a sua versão sobre essas novas acusações que pesam sobre ele", disse Luiz Sérgio.
Parlamentares avaliam, porém, que a tendência é de que o ex-ministro fique calado.
Condenado no mensalão, pelo qual chegou a ficar quase um ano na cadeia, Dirceu voltou a ser preso pela Polícia Federal recentemente sob suspeita de liderar o esquema de corrupção na Petrobras. Ele é acusado de ter recebido propina da estatal por meio de sua empresa de consultoria, que recebeu repasses de empreiteiras investigadas no caso.
O ex-ministro nega a acusação e diz que os serviços foram efetivamente prestados.
NOVAS OITAVAS
Também foi aprovada a convocação de Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, preso em um desdobramento da Operação Lava Jato e apontado como lobista e representante de Dirceu na Petrobras.
Na semana que vem, a CPI irá a Curitiba ouvir os presos do caso –entre eles estão os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo, representantes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, respectivamente. As convocações deles já haviam sido aprovadas anteriormente.
A comissão aprovou ainda nesta quinta requerimentos de convocação do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada e do ex-gerente Celso Araripe, além de outros que trabalharam para a Odebrecht: Alexandrino Alencar, próximo do ex-presidente Lula, César Ramos Rocha e Márcio Faria. Também foi aprovado o depoimento de Elton Negrão, da Andrade Gutierrez.
Parlamentares discutiram a convocação dos presos na Operação Lava Jato ligados ao setor elétrico, como o almirante Othon Pinheiro, mas o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), considerou que fugiam ao escopo da comissão, por ser focada na Petrobras.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) tentou aprovar uma acareação entre o lobista Fernando Soares, apontado como intermediário de propina do esquema de corrupção destinada ao PMDB, e o doleiro Alberto Youssef, mas não conseguiu por falta de quórum.